Filho de peixe…

A família é o tema central da edição de Inverno da revista Ímpar, que chega com o Público de 3 de Dezembro, já de olho na época festiva. A editora Bárbara Wong faz-nos uma visita guiada.

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Tem quase dois anos a expressão “nepo babiesque serve para designar os “filhos do nepotismo” no mundo do entretenimento, aquelas pessoas que facilmente identificamos, dizendo: “O pai dela é o actor x, a mãe dele é a produtora de cinema y, o pai dele é cantor, a mãe dela foi top model…” Podemos transcrever o mesmo diálogo para o nosso pequeno país onde mais facilmente identificamos os filhos de A ou B, e ficamos, muitas vezes, confusos, sem perceber se os nepo babies o são por “cunha”, se por mérito, se, na verdade, se trata de um percurso natural.

A Inês Duarte de Freitas e a Carla B. Ribeiro conversaram com pais e filhos — Carla e Marta Andrino, e Carlos e João Mendes — e com irmãos — Ana e Nuno Markl, Antonino e Pedro de Sousa, e António e Manuel Bóia — que revelam que é quase um percurso natural seguir uma mesma profissão. No caso dos negócios, há um legado que os pais deixam aos filhos, mostra Sandra Nobre, que nos leva a viajar de norte ao sul do país para conhecermos marcas familiares. A equipa do Fugas leva-nos até às casas que as famílias abriram para receber os que vêm de fora. E Carla B. Ribeiro ajuda-o a escolher um carro familiar.

Eu fui à Noruega conhecer a terceira geração dos Karlsen, donos de uma ilha e de um império na indústria do pescado, na qual empregam famílias portuguesas (entre outras nacionalidades que enfrentam o frio e a escuridão dos dias em busca de uma vida melhor). Já a Ana Isabel Pereira foi até Barcelos, a uma das freguesias mais antigas, para conhecer os Ramos, que fazem vinho há cerca de 500 anos. O mundo da moda não é excepção à hereditariedade, mas, aqui, as marcas familiares foram sendo compradas por uma de duas famílias francesas: os Arnault ou os Pinault.

À nossa descendência podemos deixar muita coisa, até traumas emocionais, conforme chama a atenção a psicanalista Galit Atlas. Para o evitar, vale a pena ler a entrevista a Daniel Sampaio, que nos explica como a teoria da vinculação de Bowlby pode ser aplicada ao relacionamento dos casais — que se quer longo, duradouro e saudável. Este pode ser ainda mais desafiante quando entre a descendência há “os meus, os teus e os nossos”. Por isso, a psicóloga Vera Ramalho faz uma lista de sugestões para gerir as festas (e a vida em geral) das famílias reconstituídas.

E, por falar em reconstituição, há mães que após o parto decidem fazer intervenções cirúrgicas para recuperarem o corpo que tinham antes da gravidez. Chama-se Mommy Makeover. É à Mãe Natal, ou seja, a todas as mães, que Ana e Isabel Stilwell se dirigem nesta época festiva, pedindo-lhes para respirarem. Rita Pimenta lembra-nos a importância de vivermos intensamente as festas. João da Silva pergunta porquê esperar pelas datas para estar com as pessoas de quem se gosta. Liliana Carona recorda-nos como estes dias podem ser tão stressantes e Madalena Sá Fernandes evoca as memórias de infância em Tondela. Por fim, Carmen Garcia lembra-nos que não só saímos aos nossos pais, como, com os anos, nos tornamos neles. Respire fundo.

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