OE2024: Estado não pode ter 95% da Lusa sem mudança do modelo de governação

No debate na especialidade do OE2024, ministro da Cultura defende condicionantes para entrada de um novo accionista no capital da Global Media, uma sociedade gestora de fundos suíça.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, durante a sua audição na Comissão de Orçamento e Finanças, no âmbito da apreciação, na especialidade, da Proposta de Lei n.º 109/XV/2.ª (GOV) — Aprova o Orçamento do Estado para 2024, Assembleia da República em Lisboa, 8 de novembro de 2023. CARLOS M. ALMEIDA/LUSA
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O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, durante a sua audição para debate na especialidade do OE 2024 CARLOS M. ALMEIDA/lusa
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Em 4 de Agosto, o empresário Marco Galinha confirmou que o grupo Bel "vendeu parte da Global Media" a um fundo nuno ferreira santos

O ministro da Cultura defendeu esta quarta-feira que o Estado não pode ter cerca de 95% do capital da Lusa sem que tal se traduza numa alteração do modelo de governação da agência de notícias.

"Não pode haver presença do Estado [na Lusa] na ordem dos 95% sem que isso se traduza também numa alteração do modelo de governação [da agência]", afirmou Pedro Adão e Silva, na Assembleia da República, no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).

O ministro da Cultura foi questionado pelo grupo parlamentar do PS sobre o já anunciado interesse do Estado em comprar as participações do grupo Bel e da Global Media Group (GMG), liderados por Marco Galinha, na agência de notícias, que perfazem 45,7% do capital, no quadro da entrada de um novo accionista no capital da Global Media - o UCAP Group, uma sociedade gestora de fundos suíça.

"Sabemos pouco sobre esse accionista e acho que é do interesse estratégico para o país que a operação se possa concretizar, com duas ou três condicionantes", apontou o governante.

Entre as condições está a necessidade de apurar o valor dos capitais próprios da Lusa.

"Em segundo lugar, essa operação não pode ocorrer sem uma alteração do modelo de governação da agência, garantindo desde logo a participação dos principais clientes da agência, que é o sector [da comunicação social]", acrescentou Adão e Silva.

O ministro disse ainda acreditar que um reforço da relação com os clientes, eventualmente expresso no acordo parassocial, "pode colocar a agência Lusa numa posição muito importante" para ser "um instrumento fundamental para ajudar a comunicação social e o jornalismo".

Em 4 de Agosto, o empresário Marco Galinha confirmou à Lusa que o grupo Bel "vendeu parte da Global Media" a um fundo e que "não parece de interesse estratégico" ter participação na agência de notícias.

Já quanto à RTP, o ministro admitiu que "há um problema de desadequação dos vínculos [na empresa] face à operação, que depois tem como consequência haver muita contratação de prestadores de serviços [recibos verdes]".

Neste sentido, Adão e Silva adiantou que o seu ministério está a trabalhar em conjunto com a secretaria de Estado do Tesouro para uma "maior flexibilização das regras" para a RTP poder contratar.

O governante lembrou ainda que o aumento de capital na RTP vai permitir também "pensar numa reestruturação" da empresa, a propor pelo próprio Conselho de Administração da estação pública de televisão e rádio.

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