Governo admite comprar quota de Marco Galinha na Lusa e quer privados no negócio

Já foi feito estudo de avaliação do valor da agência. Ministério da Cultura admite que será preciso alterar modelo de governação para prevenir riscos de interferência política.

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Marco Galinha tinha comprado a quota da Impresa na Lusa há dois anos. Nuno Ferreira Santos

O Estado "procurará uma solução que preserve o papel estratégico" da Lusa, garantiu nesta quarta-feira à agência noticiosa fonte oficial do Ministério da Cultura, tendo já sido feito um estudo de avaliação dos capitais próprios, que aguarda parecer das Finanças.

O grupo Bel e a Global Media Group (GMG), liderados por Marco Galinha, "publicitaram a sua intenção de alienarem as suas participações na agência Lusa (que perfazem 45,7% da agência), no quadro da entrada de um novo accionista no capital da Global Media – o UCAP Group, uma sociedade gestora de fundos suíça", recordou a mesma fonte.

O ministro da Cultura "foi, aliás, informado desta intenção", adiantou o ministério tutelado por Pedro Adão e Silva. "Em face destes desenvolvimentos, e considerando o serviço público fundamental prestado pela Lusa, o Estado procurará uma solução que preserve o papel estratégico da agência noticiosa portuguesa", asseverou fonte oficial.

Neste sentido, "a agência Lusa promoveu junto de uma empresa de consultadoria e auditoria um estudo de avaliação do valor dos seus capitais próprios – que já foi concluído e está, neste momento, a aguardar parecer dos serviços do Ministério das Finanças", referiu.

Assim, "concluído este processo, e caso haja acordo com o grupo Bel e a Global Media quanto ao valor da operação, os restantes accionistas privados serão contactados, com o objectivo de apurar da sua disponibilidade para acompanharem um eventual reforço do peso accionista do Estado".

A ser concretizada uma alteração da estrutura accionista da Lusa, "esta operação implicará necessariamente uma revisão do modelo de governação da agência, de modo a garantir que não haja nenhum risco de interferência política na sua independência editorial", prosseguiu a mesma fonte.

"Esta revisão do modelo de governação obriga a um diálogo com os partidos com assento parlamentar, para o qual o Governo está inteiramente disponível", rematou.

A 4 de Agosto, o empresário Marco Galinha confirmou à Lusa que o grupo Bel "vendeu parte da Global Media" a um fundo e que "não parece de interesse estratégico" ter participação na agência de notícias.

Em Dezembro de 2021, Marco Galinha comprara, através da sua empresa Páginas Civilizadas, a participação de 22,35% que a Impresa detinha na Lusa, numa operação que rendeu 1,25 milhões de euros ao grupo de Pinto Balsemão, dono do Expresso e da SIC.

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