Mundo árabe na rua para apoiar Palestina, Europa e EUA temem ricochete do conflito

França e Alemanha proíbem manifestações de solidariedade com palestinianos, que em países muçulmanos encheram grandes praças.

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Protesto no Líbano em solidariedade com a Palestina WAEL HAMZEH/EPA
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Do Qatar ao Iraque, de Bagdad a Idlib, no Noroeste da Síria, o mundo muçulmano saiu nesta sexta-feira à rua para mostrar solidariedade com a Palestina, no dia em que Israel deu ordem para que mais de um milhão de habitantes do Norte de Gaza deixassem as suas casas e fossem para Sul, em antecipação de uma intervenção militar. Neste contexto de alta tensão, na Europa e nos Estados Unidos, aumentou o nível de alerta por receio de uma reacção de ricochete e crimes de ódio contra judeus.

Pelo menos 11 manifestantes palestinianos foram mortos na Cisjordânia por soldados israelitas, em protestos em várias cidades, avança a BBC, citando o Ministério da Saúde palestiniano. Mais de cem ficaram feridos.

Na Jordânia, onde vive uma das maiores comunidades palestinianas no exílio, a polícia dispersou à força, com gás lacrimogéneo e canhões de água, milhares de manifestantes que tentavam chegar a uma zona de fronteira na Cisjordânia ocupada por Israel, relata a televisão pan-árabe Al-Jazeera.

Os manifestantes saíram à rua em resposta ao apelo lançado pelo ex-líder do Hamas Khaled Meshaal, para que esta sexta-feira, dia santo muçulmano, fosse um dia de solidariedade com a luta do povo palestiniano. “Vamos para as praças e ruas do mundo árabe e islâmico nesta sexta-feira”, pediu, citado pela Reuters.

O Líbano, outro país que recebe uma das maiores comunidades palestinianas, foi palco de grandes manifestações de solidariedade com a Palestina. Foram organizadas pelo poderoso movimento xiita Hezbollah, que é também uma milícia, e é aliado do Hamas, que foi responsável pelo brutal ataque em Israel no fim-de-semana passado.

A alta tensão em relação à perspectiva de uma nova guerra entre Israel e o movimento Hamas, na Faixa de Gaza, levaram França e Alemanha, por exemplo, que têm grandes comunidades muçulmanas, a proibir manifestações em solidariedade com a Palestina.

A proibição não impediu, no entanto, várias manifestações que juntaram alguns milhares de pessoas, na quinta-feira, ao princípio da noite, em Paris e várias outras cidades francesas, com muitas bandeiras palestinianas e transmitidas em directo nas redes sociais, que foram dispersas pela polícia, descreve o Le Monde.

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Manifestante pontapeia lata de gás lacrimogéneo em Nablus, na Cisjordânia ALAA BADARNEH/EPA

O Presidente francês, Emmanuel Macron, fez um discurso ao país na televisão na noite de quinta-feira, em que apelou a que não haja hesitações ideológicas no entendimento do ataque do Hamas a Israel, no qual morreram pelo menos 1200 pessoas. “Não há nenhum ‘sim, mas’. Aqueles que confundem a causa palestiniana com a justificação do terrorismo estão a cometer um erro moral, político e estratégico. Digamo-lo claramente: o Hamas é um movimento terrorista”, afirmou. Era uma resposta ao que tem sido a posição de várias figuras de proa do partido de esquerda França Insubmissa.

Nos Estados Unidos, Nova Iorque e Los Angeles estão em alerta, antecipando a possibilidade de acções anti-semitas. Universidades como a de Columbia, em Nova Iorque, tornaram-se palco de confrontos entre manifestações de estudantes pró-Israel e pró-Palestina. O FBI visitou mesquitas em vários estados, e deteve palestinianos, diz a Reuters.

No Reino Unido, as manifestações de solidariedade com a Palestina estão marcadas para sábado. A Polícia Metropolitana de Londres montou uma “operação muito significativa” para acompanhar a manifestação na capital, diz o Guardian. A ministra do Interior, Suella Braverman, escreveu uma carta à direcção da polícia pedindo que as tentativas de usar bandeiras, cantigas ou suásticas para perturbar ou intimidar membros da comunidade judaica sejam consideradas crime.

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