Livro de André Freire analisa “configurações políticas distintas” dos governos de António Costa

O politólogo André Freire falou com o PÚBLICO sobre o seu novo livro, em que compilou as análises políticas feitas aos governos constituídos por Costa desde 2017.

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O novo livro do politólogo André Freire é lançado este sábado Miguel Manso
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António Costa chefia actualmente o seu terceiro governo e em todos eles se observam “configurações políticas distintas”. Em declarações ao PÚBLICO, o politólogo André Freire conta que compilou as análises políticas que fez desde 2017 ao governo português, aproveitando para "olhar" para a situação política internacional. Assim nasceu a obra Da Geringonça à maioria absoluta, que será lançada este sábado.

“Já são três governos com configurações políticas distintas”, aponta André Freire. “O primeiro, chamado Governo da ‘geringonça’, o segundo, a que eu chamei ‘Governo pisca-pisca’ (…) e o da maioria absoluta”, que actualmente nos governa, continua.

Não é a primeira vez que Freire escreve sobre a "geringonça", mas no livro que lança este sábado vai mais além e analisa ainda o "período de 2019-2022, em que houve um Governo "pisca-pisca" que oscilava entre apoios à esquerda e à direita, sem apoio parlamentar fixo", lembra. A este junta-se ainda "a situação que deu origem à maioria absoluta, relativamente inesperada".

“O livro é uma colectânea de textos”, publicados desde 2017, explica Freire. Confiante de que “seria útil fazer um balanço” dos três governos que Costa formou, compilou reflexões anteriormente publicadas em revistas e jornais (entre os quais o PÚBLICO) numa só obra.

Nas mais de 200 páginas que escreveu, o autor procurou ainda desconstruir preconceitos, motivo pelo qual abordou o tema do nacionalismo e populismo. “É preciso fazer um bocadinho de pedagogia”, defende.

Por vezes, “há um certo desconhecimento por parte das pessoas, que estão muito coladas aos acontecimentos contemporâneos e fazem pouco recuo histórico”, essencial para compreender a sociedade. É aí que o docente do Iscte entra em acção: “Tento ser mais ou menos didáctico e tornar acessíveis determinados temas”.

Neste livro, André Freire olha também para a política internacional. É o caso da eleição de Donald Trump, em 2016, e das eleições presidenciais francesas de 2017. Mas também para a arte, onde procurou "ressonâncias políticas". Na terceira e última parte de Da Geringonça à maioria absoluta, o politólogo inspirou-se em “obras de teatro, filmes ou obras literárias” e reflectiu sobre a forma como influenciaram a política e a sociedade. Exemplo disso foi a obra do Marquês de Sade, diz André Freire. “Um autor maldito ao longo dos tempos”, que foi censurado pela PIDE e o fez reflectir sobre liberdade.

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