Morreu Mário Moutinho de Pádua, militante do PCP que denunciou crimes do colonialismo

A Organização Regional de Lisboa do PCP classifica Mário Moutinho de Pádua como um “dedicado e corajoso militante comunista”.

Foto
Esteve sempre "seguro que a luta por um mundo mais justo vencerá", escreve o PCP em comunicado Nuno Ferreira Santos

O militante do PCP Mário Moutinho de Pádua morreu na quinta-feira aos 87 anos, anunciou o partido, destacando o seu papel na denúncia dos crimes do colonialismo português e o seu empenho na "construção de uma democracia avançada".

Em comunicado, a Organização Regional de Lisboa do PCP transmite à família de Mário Moutinho de Pádua as "suas sentidas condolências", qualificando-o como um "dedicado e corajoso militante comunista".

De acordo com o comunicado, Mário Moutinho de Pádua aderiu ao PCP em 1959, quando era estudante da Universidade de Coimbra, tendo sido mobilizado para a guerra de Angola em 1961, onde "actuou conforme a orientação do partido". "Abismado perante a intensidade de crimes a que assistia ou de que era obrigado a conhecer a existência", escreveu um diário que se transformou num "libelo de acusação da guerra colonial", lê-se no comunicado.

O PCP recorda ainda que, após ter desertado para o Congo Zaire, Mário Moutinho de Pádua fez um "desassombrado relato à Organização das Nações Unidas (ONU) dos crimes do colonialismo português".

O partido refere ainda que, antes do 25 de Abril, Mário Moutinho de Pádua esteve em Paris, na Checoslováquia e na Argélia, onde se juntou à Frente Portuguesa de Libertação Nacional (FPLN) e onde foi convidado, em 1966, pelo histórico líder guineense Amílcar Cabral para dar apoio ao PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) na qualidade de médico.

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, prossegue o PCP, regressou a Portugal e reintegrou o Exército, onde "prestou no serviço no Estado-Maior das Forças Armadas". "Desmobilizado das Forças Armadas, passou a exercer a profissão de médico, participando activamente, em simultâneo, na construção do Portugal de Abril. Nessa condição, integrou o Grupo de Apoio à Reforma Agrária, constituído por profissionais de saúde que todos os fins-de-semana se deslocavam ao Alentejo para prestar cuidados médicos aos trabalhadores e suas famílias", refere-se.

O partido indica que Mário Moutinho de Pádua foi membro da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e do organismo de direcção do sector da saúde da Organização Regional de Lisboa do PCP, além de ter integrado "diversas acções do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC)", sendo membro da sua presidência.

"Mário Pádua esteve sempre até à sua morte seguro que a luta por um mundo mais justo vencerá, empenhado na luta pela construção de uma democracia avançada, vinculada aos valores de Abril na luta pelo socialismo e o comunismo, orgulhoso do seu partido, o PCP", lê-se.

O PCP informa que o corpo de Mário Moutinho de Pádua estará esta sexta-feira, a partir das 17h30, em câmara ardente na Casa Mortuária da Igreja de São Francisco de Assis, em Lisboa. O funeral realiza-se este sábado, às 16h50, no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, estando a cremação prevista para as 17h.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários