Polónia exibe as suas armas na maior parada militar desde a Guerra Fria

Autoridades polacas aproveitaram o Dia das Forças Armadas para mostrar as credenciais de segurança numa altura em que a invasão da Ucrânia pela Rússia tornou prioritário o reforço militar do país.

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O Presidente polaco, Andrzej Duda, acompanha o chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas, general Rajmund Andrzejczak, na saudação aos soldados KACPER PEMPEL/Reuters

O maior desfile militar da Polónia desde a Guerra Fria teve lugar esta terça-feira, em Varsóvia, numa exibição de força que o país, membro da NATO, quis transformar numa mensagem tanto para Moscovo como para os polacos, que vão às urnas a 15 de Outubro.

A invasão russa da Ucrânia tornou o reforço das Forças Armadas polacas uma prioridade para os nacionalistas do partido Lei e Justiça (PiS), no poder na Polónia, e com a pré-campanha eleitoral a decorrer, a impressionante exibição de equipamento militar ofereceu a oportunidade de realçar as suas credenciais de segurança.

O desfile do Dia das Forças Armadas, que assinalou o 103.º aniversário da vitória da Polónia sobre a União Soviética na Batalha de Varsóvia, contou com a participação de 2.000 soldados da Polónia e de outros países da NATO, que marcharam pela capital com 200 peças de equipamento militar e 92 aeronaves.

"O dia 15 de Agosto não é apenas uma oportunidade para prestar homenagem aos heróis da vitoriosa Batalha de Varsóvia e agradecer aos soldados contemporâneos por defenderem a nossa pátria", disse o ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, às tropas e aos observadores que se reuniram perto do rio Vístula.

"Também é um dia perfeito para mostrar a nossa força, para demonstrar que construímos Forças Armadas poderosas que defenderão eficazmente as nossas fronteiras sem hesitação", acrescentou o ministro.

O PiS, no poder desde 2015, prometeu duplicar o tamanho do exército e gastar cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa este ano.

Chegando num jipe militar, a partir do qual acenou para as tropas em veículos blindados alinhados na estrada, o Presidente Andrzej Duda, aliado do PiS, aproveitou para comparar aquilo que foi a falta de prioridade dada à defesa do governo anterior com os investimentos feitos nos últimos anos.

"Os últimos oito anos foram um período de reconstrução do exército polaco", afirmou. "Antes, tínhamos a situação oposta, uma diminuição do tamanho das Forças Armadas polacas."

São declarações deste género que têm levado os deputados da oposição a acusar o governo de instrumentalizar o exército para seu próprio ganho político.

"Desejo-vos [soldados]... que nunca mais tenham de servir de pano de fundo para o ódio político", escreveu Marcin Kierwinski, um deputado do partido de oposição liberal Plataforma Cívica (PO), na rede social X (antigo Twitter).

Duda, Blaszczak e outros responsáveis políticos, incluindo o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, observavam a marcha dos soldados, enquanto helicópteros, incluindo Black Hawks, e aviões, como os F-16 e FA-50, voavam sobre eles.

Entre o equipamento exibido estavam tanques M1A1 Abrams comprados dos Estados Unidos, tanques sul-coreanos K2 e obuses com autopropulsão K9, também de fabrico sul-coreano, bem como lançadores de foguetes HIMARS, sistemas de defesa aérea Patriot e veículos de combate de infantaria Borsuk, de fabrico polaca.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem uma visita oficial à Polónia marcada para o dia 20 de Agosto.

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