Twitter limita número de publicações que utilizadores podem ver num dia

Quem não tem conta, fica de fora. O Twitter está a limitar temporariamente o acesso às publicações da rede social para combater a recolha automatizada de grandes quantidades de dados (data scrapping).

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Elon Musk quer acabar com o excesso de data scrapping na sua plataforma EPA/GEORGE NIKITIN
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O Twitter está a limitar temporariamente o número de publicações que os seus utilizadores podem ver num dia. Quem paga para usar a plataforma, pode consumir mais conteúdo. Quem não está registado na plataforma, está completamente barrado de entrar no site (a não ser, claro, que crie uma conta). A informação foi anunciada este sábado pelo dono do Twitter, Elon Musk, depois de vários utilizadores reportarem dificuldades a usar a rede. O número exacto de publicações a que diferentes utilizadores têm acesso foi variando ao longo do dia de sábado – entre 300 e 10 mil.

Elon Musk frisa que a mudança não é permanente. O objectivo é combater a recolha automatizada de grandes quantidades de dados (data scrapping, em inglês). O facto de o Twitter ser, por norma, uma plataforma aberta permite extrair facilmente dados recentes e actualizados em tempo real. Isto é muito útil para análises de tendências e estudos sobre eventos ou fenómenos sociais. Os dados da plataforma também podem ser usados para treinar grandes modelos de linguagem que estão por detrás de sistemas de inteligência artificial como o ChatGPT – é algo que Musk, que ajudou a lançar a OpenAI, criadora do ChatGPT, já criticou no passado.

"Para lidar com níveis extremos de recolha de dados e manipulação do sistema, aplicámos os seguintes limites temporários: as contas verificadas [pagas] estão limitadas à leitura de 6000 mensagens por dia", explicou Musk, numa breve mensagem partilhada no Twitter durante a tarde de sábado. Na altura da publicação, contas não verificadas tinham um limite de 600 mensagens por dias. Contas recentemente criadas, que não são pagas, tinham um limite de 300 mensagens.

Na sexta-feira, Musk tinha alertado que "várias centenas de organizações" estariam a "extrair dados do Twitter de forma extremamente agressiva, ao ponto de afectar a experiência real do utilizador".

O facto de a plataforma depender de uma equipa reduzida de engenheiros não ajuda. Desde que Musk finalizou a compra do Twitter, em Novembro, que o executivo despediu mais de metade da força de trabalho da empresa, numa tentativa de cortar custos.

Ao final do dia de sábado, o número de publicações para utilizadores com subscrição já tinha sido expandido para 10 mil. Quem não paga, mas tem conta no site, tinha acesso a mil.

Privilegiar quem paga

As recentes limitações acabam por privilegiar os utilizadores que pagam para utilizar o Twitter, que além de poderem editar aquilo que escrevem e receberem mais destaque na plataforma, podem também consumir mais conteúdo. Musk, por seu lado, beneficiaria de um aumento no número de subscritores: segundo dados obtidos pelo New Tork Times, a receita do Twitter entre Abril e Maio deste ano caiu 59% face ao período homólogo, com muitos anunciantes a abandonar a plataforma devido à diminuição de restrições no conteúdo permitido no site.

Musk, que se vê como um déspota da liberdade de expressão, diz que decidiu comprar a rede social Twitter em 2022 para garantir que existia um espaço, online, para partilhar ideias sem filtro. "A minha intuição diz-me que ter uma plataforma pública que inspira confiança e é inclusiva é extremamente importante para o futuro da civilização", declarou horas depois de anunciar a compra do Twitter, no palco da conferência TED2022 em Vancôver, no Canadá.

A missão, porém, tem-se revelado complicada. Segundo testemunhos partilhados com o New York Times, o conteúdo para adultos, que é permitido no Twitter, tornou-se uma preocupação para a equipa de vendas da empresa. Por exemplo, durante as campanhas para o Dia da Mãe, palavras-chave como "MomLife" (vida de mãe, em inglês) apareciam associadas a vídeos pornográficos.

A nova presidente executiva do Twitter, Linda Yaccarino, que herdou o antigo cargo de Elon Musk no começo de Junho, é uma das novas cabeças a tentar resolver o problema.

A longo prazo, Elon Musk espera usar o Twitter para criar a X, uma “super-app”, para tudo (pagar contas, trocar mensagens, comprar viagens), que deve competir com a app chinesa WeChat. Sem anunciantes e utilizadores, será difícil.

Editado (23h19) para incluir os novos limites de publicações anunciados ao final do dia de sábado.

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