Josh Freese é o sucessor de Taylor Hawkins na bateria dos Foo Fighters

Novo baterista estreia-se já quarta-feira no regresso da banda aos palcos. Membro dos Vandals, Devo e fundador dos A Perfect Circle, foi apresentado num vídeo bem humorado.

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Freese no festival de Coachella em 2022 com o grupo 100 Gecs Lipservice21/DR
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Josh Freese, baterista dos Devo e dos Vandals, substituirá o falecido Taylor Hawkins nos Foo Fighters, anunciou a banda domingo à noite.

O vídeo em que o grupo revelou a identidade do seu novo baterista foi marcado pelo humor que é parte da identidade da banda, com aparições provocadoras de Danny Carey, dos Tool, ou Tommy Lee, dos Motley Crue. Até Chad Smith, dos Red Hot Chilli Peppers, fez a sua entrada na sessão intitulada Preparing Music for Concerts, mas caberá mesmo a Freese ocupar o lugar do músico que foi encontrado morto na Colômbia horas antes de um concerto da banda. Freese já tinha actuado com os Foo Fighters nos concertos de tributo a Hawkins no estádio de Wembley no ano passado, tendo pedido que o kit de bateria fosse exactamente o usado pelo falecido músico.

Chad Smith é o primeiro a chegar ao estúdio onde estão os membros dos Foo Fighters à conversa, mostra o vídeo, mas era só para avisar que há um carro a bloquear o seu lá fora. “Adoro o Chad, lembram-se daquela digressão que fizemos juntos. Foi tipo há 20 anos”, comenta depois o vocalista e fundador Dave Grohl. Depois entra Tommy Lee, de baquetas na mão, mas o baterista dos Motley Crue e Methods of Mayhem vinha só entregar a comida que mandaram vir.

Eis que batem à porta novamente e é Danny Carey, dos Tool, mas era só para devolver os poodles devidamente penteados e lavados que tinha a seu cargo. Até que se ouve um “Desculpem lá, podemos só, tipo, tocar uma música? Ou duas? Qualquer coisa”, vindo de um falsamente exasperado Freese, sentado já atrás da bateria. E a banda começa a interpretar All My Life (2002) na íntegra. É assim que Freese é apresentado, mostrando os diferentes cruzamentos da sua própria carreira e da carreira de Hawkins e dos Foo Fighters.

John Freese tem 50 anos e uma longa e transversal carreira, tocando do punk ao metal passando pelo rock alternativo. Está habituado a ser uma versão ao vivo de um músico de sessão, tendo preenchido a bateria dos Paramore, por exemplo, e já conhece e o lugar substituto quando entrou no alinhamento dos Sublime with Rome, uma banda formada a partir do fim dos Sublime. Também esteve associado por longos períodos aos Guns N’ Roses (1997-2000) e aos Nine Inch Nails (2005-2008), e a sua ligação aos Vandals e aos Devo é a mais duradoura — está com os punks desde 1989 e com a banda de new wave desde 1996. Entre as suas bandas de acolhimento contam-se ainda a participação na formação original de A Perfect Circle, um dos vários projectos do vocalista dos Tool James Maynard Keenan e que Freese deixou após 13 anos, trabalhos com Sting ou os Weezer.

A transversalidade do filho do tubista Stan Freese, que chegou a ser maestro da banda da Disney World da Califórnia, é tal que estava envolvido nas próximas digressões dos Offspring (que passam por Portugal no Super Bock Super Rock, em Julho) ou do compositor Danny Elfman, conhecido pelo seu trabalho para séries como Os Simpsons ou os filmes de Tim Burton.

Foi a sua desistência de compromissos com os Offspring e com Elfman, como assinala a revista Rolling Stone, que primeiro chamou a atenção dos fãs dos Foo Fighters, bem atentos à sucessão de Hawkins. Sobretudo depois de a banda ter anunciado que continuaria sem o seu emblemático baterista e que andaria em digressão a partir já deste mês e com datas agendadas mundo fora até Novembro. Não há até agora qualquer concerto confirmado para Portugal.

O primeiro concerto oficial de Freese com os Foos, como são também carinhosamente conhecidos nos países anglófonos, será já quarta-feira, em New Hampshire, no primeiro concerto da tournée.

Este será também o regresso aos palcos da banda encabeçada por Dave Grohl após a morte de Hawkins, aos 50 anos, de causas não divulgadas publicamente mas sugeridas pelo relatório médico póstumo que revelava a presença de opióides, anti-depressivos e marijuana no seu sistema na altura da morte.

Após a sua morte, um artigo da revista Rolling Stone gerou polémica e foi mesmo repudiado por muitos músicos que para ele foram ouvidos por aludir à sua alegada exaustão e indiciar que Hawkins teria pedido para tocar menos ao vivo ou ter digressões mais curtas com os Foo Fighters. Colegas como Matt Cameron (Pearl Jam, Soundgarden) ou precisamente Chad Smith foram alguns dos que falaram sobre o estado de saúde de Hawkins em vésperas da nova digressão, mas depois não se sentiram fielmente retratados no texto. A aparição de Smith no vídeo de apresentação da nova tour dos Foo Fighters é também significativa, neste universo das bandas de rock de estádio sobreviventes dos anos 1990, por isso mesmo.

“Sem o Taylor nunca nos teríamos tornado na banda que éramos — e sem o Taylor, sabemos que vamos ser uma banda diferente daqui em diante. Também sabemos que vocês, os fãs, representavam tanto para o Taylor quanto ele significava para vocês. E sabemos que quando vos voltarmos a ver — e voltaremos em breve — ele estará lá em espírito connosco todas as noites”, resumiram os Foo Fighters no post de fim de ano em 2022 em que anunciavam a sua continuidade.

O vídeo, que na verdade foi uma transmissão em directo apenas para subscritores de um serviço e cujos excertos começaram entretanto a espalhar-se pelas redes sociais, incluiu ainda nova música do grupo. O novo álbum dos Foo Fighters é lançado a 2 de Junho. Here We Are é “o primeiro capítulo da nova vida da banda”.

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