A cultura japonesa também se conhece através das suas festas

Ao longo do ano, os festejos acontecem por todo o Japão: dos santuários às ruas. No Museu do Oriente, Lisboa, o convite é para conhecer rituais que preservam e reforçam a identidade do país.

A exposição Japão: Festas e Rituais foi inaugurada esta quinta-feira
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A exposição Japão: Festas e Rituais foi inaugurada esta quinta-feira Gonçalo Barriga
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A exposição Japão: Festas e Rituais foi inaugurada esta quinta-feira Gonçalo Barriga
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Da cultura japonesa as pessoas conhecem, sobretudo, a manga e tecnologia. Mas esta exposição é “muito mais sobre tradição”. Quem o diz é Sylvie Pimpaneau, curadora da exposição Japão: Festas e Rituais, que pode ser visitada no Museu do Oriente, em Lisboa, desde 18 de Maio. Ao todo, estão reunidas mais de 1500 peças que fazem parte da colecção Kwok On, doada à Fundação Oriente em 1999.

O lance de escadas que nos conduz ao segundo piso, iluminado pelas lanternas, leva-nos a conhecer Amaterasu, a kami (ou ser sobrenatural) xintoísta do Sol. Reza a lenda que, depois de um desentendimento com o irmão, fechou-se numa gruta, e o mundo mergulhou na escuridão. Para a forçar a sair, outras divindades organizaram uma dança. Tal não foi o alarido que Amaterasu saiu da gruta e devolveu a luz a todos. Segundo a curadora, esta é a “justificação” pela qual as festas, as celebrações e os rituais têm tanta importância na cultura japonesa.

A exposição, que está patente até ao final do ano que vem, encontra-se dividida em diferentes temas. Seguindo pelos corredores, descobrimos objectos ligados ao xintoísmo, o centro das tradições que passaram de geração em geração. Por exemplo, ficamos a conhecer o que são os kami, observando os gohei, um género de etiqueta branca que os acompanha, e aprender que, apesar de o termo estar associado a divindades, o seu papel está vinculado à natureza — no fundo, todas as festas e rituais japoneses são um agradecimento à prosperidade, à saúde e ao sucesso.

Fruto de uma parceria com a Universidade Lusófona, os visitantes podem ainda contar com animações e vídeos em alguns pontos da exposição. É importante salientar que os vídeos contam com legendas e língua gestual portuguesa.

Mas como as tradições não estão só associadas aos deuses, é ainda possível encontrar exemplos de yokai, os chamados demónios ou espíritos malignos. É exemplo o Kappa, o demónio associado aos rios e aos lagos, descrito como uma “tartaruga com uma concha nas costas”, que pode ser vencido lhe for feita uma reverência — um gesto comum da cultura japonesa.

Celebrações e costumes

Ao longo do ano, os japoneses festejam de várias formas: dos santuários e templos às ruas das cidades, os rituais são uma forma de preservar e reforçar a identidade nipónica.

Numa das vitrinas, encontramos longas carpas coloridas de tecido ou papel, e Sylvie Pimpaneau conta ao PÚBLICO que esta representação faz parte da festa dos rapazes. As carpas nadam contra a corrente e simbolizam força e persistência para os futuros homens.

O festival das Estrelas tem igualmente origem numa lenda. Diz-se que a filha de um rei celestial se apaixonou por um criador de gado, mas acabaram por ficar separados por um grande rio que representa a Via Láctea. Na exposição, podemos encontrar a ilustração desta lenda.

Os rituais fúnebres também não são esquecidos. Num dos corredores, encontramos lanternas de papel com uma vela dentro acesa que os ilumina. Este ritual faz parte do festival dos mortos, em que as lanternas flutuam nas águas para iluminar as almas dos que já partiram.

E se já ouvimos falar do caminho de Santiago de Compostela, no Japão ficamos a conhecer a peregrinação do Oriente. Na ilha de Shikoku é possível visitar 88 templos budistas e acredita-se que quem fizer este caminho terá “uma vida melhor”. A visita a cada um dos templos fica assinalada no calendário com um selo preto correspondente.

O Museu do Oriente vai ainda contar com “actividades criadas a partir desta exposição”, revelou Sofia Campos Lopes, curadora do evento. Além disso, vão estar expostos objectos onde as pessoas podem tocar, assim como uma “árvore da felicidade” para se poder abraçar, um símbolo de alegria e sorte para o país do Sol Nascente.


Texto editado por Carla B. Ribeiro

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