TAP: Lacerda Machado não compreende pagamento de 55 milhões pela saída de Neeleman

Ex-administrador da TAP foi ouvido esta tarde na comissão parlamentar de inquérito, depois de já ter falado da companhia aérea na terça-feira na comissão de economia.

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Diogo Lacerda Machado foi administrador não executivo da TAP entre 2017 e 2021 LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O ex-administrador da TAP Diogo Lacerda Machado disse esta quinta-feira não compreender o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da estrutura accionista, em 2020, porque entende que o acordo parassocial “não valia mais”.

“Não faço a menor ideia, não tive o mínimo envolvimento nessa circunstância. […] Vai ter de fazer essa pergunta a quem tomou essa decisão. Eu não a compreendo”, respondeu Diogo Lacerda Machado, na comissão de inquérito à TAP, quando questionado pela deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, se conhecia o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da companhia aérea e se sabia qual a sua razão.

Em 2020, quando a TAP voltou à esfera do Estado, na sequência do auxílio devido aos problemas causados pela pandemia, Lacerda Machado era administrador não executivo da TAP, cargo que deixou em Abril de 2021, e a companhia aérea era tutelada pelo então ministro das Infra-estruturas Pedro Nuno Santos e, do lado da tutela financeira, pelo secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz.

Na opinião de Lacerda Machado, com a alteração provocada pela pandemia de covid-19 e subsequente auxílio estatal, “todos os acordos e contratos feitos até então perderam sentido”.

“O meu entendimento é que o acordo parassocial não vigorava mais, a alteração tão radical das circunstâncias, no meu entendimento levou a que todo o capital investido na TAP até então tenha sido perdido. Na minha opinião o acordo parassocial não valia mais”, explicou o advogado no âmbito da audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

Já quanto a David Neeleman, que considerou “um homem genial no mundo da aviação”, Lacerda Machado afirmou que o objectivo do accionista era sair da TAP através de abertura de capital, como tinha feito anteriormente noutras empresas.

No entanto, o Estado deixou claro que não abdicaria da participação de 50%. “Na minha interpretação, foi por isso que Neeleman disse que era melhor sair vendendo a sua participação e não indo ao mercado de capitais”, apontou.

Lacerda Machado não exclui envolver-se na privatização

Lacerda Machado disse ainda que não exclui envolver-se no processo de privatização da TAP, se achar que pode ser útil à empresa, por exemplo com “alternativas àquilo que se tem perfilado”.

“Não estou envolvido em nenhuma entidade interessada, tenho sido procurado por várias – e já agora não vejo nenhum conflito de interesses –, não aceitei nenhuma das abordagens, […] não excluo envolver-me se achar que posso ser útil à própria TAP”, respondeu o advogado à deputada bloquista Mariana Mortágua, na comissão de inquérito à companhia aérea, questionado sobre um eventual envolvimento no processo de privatização da TAP que o Governo tem a intenção de levar a cabo.

Lacerda Machado defendeu que poderá ser útil, por exemplo, contribuindo com “algumas alternativas àquilo que se tem perfilado”. “Não estou certo e seguro se agora é tão bom como em 2020, […] não estou tão certo nem seguro que aquilo que era muito bom em Fevereiro de 2020, que esteve à beira de acontecer, [seja agora]”, afirmou o ex-administrador não executivo. Em 2020, antes da pandemia, noticiou-se que o grupo Lufthansa estaria interessado em comprar a TAP.

Lacerda Machado considerou ainda a companhia aérea “está muitíssimo bem entregue” ao novo presidente, Luís Rodrigues, defendendo que “finalmente” houve uma “escolha extraordinariamente bem feita” para dirigir a empresa.

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