PCP está preparado para ir a eleições mas “não há nenhuma razão para isso”

Paulo Raimundo lembrou que em 2021 não havia motivos para dissolver a Assembleia da República e que dessa decisão de Marcelo resultou “instabilidade permanente”, apesar da maioria absoluta do PS.

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Paulo Raimundo critica Marcelo por ter dissolvido a AR na sequência do chumbo do OE2022 Jose Fernandes

O secretário-geral do Partido Comunista Português, Paulo Raimundo, garante que “está preparado” para todas as eventualidades políticas, incluindo para ir novamente a votos, se o Presidente da República decidir dissolver a Assembleia da República. “Mas não há nenhuma razão para isso”, entende o líder comunista, que se pronunciará contra o cenário de eleições antecipadas se a questão lhe for colocada por Marcelo Rebelo de Sousa.

“Há questões que só o Presidente da República está em condições de decidir e eventualmente avançar”, lembrou Paulo Raimundo, quando questionado sobre uma possível dissolução da Assembleia da República, para resolver a crise política aberta pela manutenção do ministro das Infra-estruturas, João Galamba, no Governo.

“Para que fique claro: não é isso que pretendemos, mas se houver [eleições antecipadas] estamos preparados”, garantiu o secretário-geral do PCP, que não está interessado em “alimentar essa polémica e essas crispações, porque isso é desviar as atenções daquilo que é fundamental”, que na sua opinião é “melhorar as condições de vida das pessoas".

Em declarações aos jornalistas em Bruxelas, onde está a participar numa reunião dos líderes dos partidos que integram o grupo d’A Esquerda no Parlamento Europeu — que inclui o PCP e o Bloco de Esquerda —, Paulo Raimundo disse que, se o Presidente da República lhe pedisse opinião sobre esse cenário de novas eleições, responderia que “não há nenhuma razão para isso” e que “essa não é a questão não se coloca neste momento”.

“O que lhe diria é que devíamos concentrar toda a nossa força e todos os instrumentos que temos ao nosso dispor, para resolver os problemas que preocupam as pessoas. É isso que lhes interessa, e não se vai ou não haver eleições”, considerou, frisando que “temos um governo, uma maioria absoluta e condições financeiras excepcionais, como nunca tivemos” para poder dar resposta aos anseios da população. “Qual é a dificuldade?”, questionou.

Paulo Raimundo recusou especular sobre qual poderá ser a próxima jogada de Marcelo Rebelo de Sousa, observando apenas que o Presidente da República “tem falado, várias vezes, e em vários momentos” sobre a situação política do país, “e não se pode dizer que tenha escondido o seu pensamento”. “Tem dado a sua opinião, e naturalmente é preciso ter em conta a opinião do Presidente”, considerou.

Mas recuando a Dezembro de 2021, voltou a criticar a “decisão injustificada” de Marcelo Rebelo de Sousa de dissolver a Assembleia da República, “a partir de uma encenação do PS à qual o senhor Presidente da República acabou por ficar associado” e sem que houvesse “nenhuma razão para isso na altura”.

“Dissolveu-se a Assembleia, fez-se uma chantagem brutal a dizer que era preciso estabilidade, estabilidade, estabilidade, e passado um ano, depois de uma maioria absoluta, a instabilidade permanente está aí”, concluiu.

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