África do Sul exorta Reino Unido a devolver jóias da coroa

O diamante Grande Estrela de África, que pode ser visto no ceptro real que o rei Carlos III vai exibir no sábado durante a coroação, pesa 530,4 quilates (106,08 gramas).

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Uma réplica do Diamante Cullinan está exposta na Cidade do Cabo, África do Sul Reuters/ESA ALEXANDER

Uma petição online, lançada por um advogado e activista de Joanesburgo, exorta a Grã-Bretanha a devolver aquele que é tido como o maior diamante do mundo, o Diamante Cullinan, também conhecido como Grande Estrela de África, e que pode ser visto no ceptro real que o rei Carlos III vai segurar na sua coroação, neste sábado.

“O diamante precisa de vir para a África do Sul. Tem de ser um sinal do nosso orgulho, da nossa herança e da nossa cultura”, defende o advogado sul-africano Mothusi Kamanga. A petição que promove e que pede a devolução da jóia, entretanto, já reúne mais de 8000 assinaturas.

O Cullinan foi extraído de uma mina na África do Sul, perto de Pretória, em 1905, sendo até hoje o maior alguma vez encontrado, com 3106,75 quilates (621,35 gramas). Na época, a pedra preciosa foi oferecida pelo Governo do país, sob domínio britânico, à família real, dando origem a nove diamantes, sendo que os dois maiores integram as jóias da Coroa: o Cullinan I, de 530,4 quilates (106,08 gramas) que pode ser visto no ceptro real, e o Cullinan II, mais pequeno, com 317,4 quilates (63,48 gramas), incrustado na Coroa Imperial de Estado, que é usada pelos monarcas britânicos em ocasiões cerimoniais.

Os outros sete diamantes eram propriedade privada de Isabel II, que os herdou da sua avó, a rainha Maria, em 1953, e três (Cullinan III, IV e V) foram incluídos na coroa que irá ser confiada a Camila.

As jóias, alega a petição, carregam a história colonial e devem ser olhadas como outros artefactos e obras de arte “pilhadas” durante o domínio do Império Britânico e devolvidas ao país de origem. “Penso que, de um modo geral, o povo africano está a começar a perceber que descolonizar não é apenas permitir que as pessoas tenham certas liberdades, mas é também recuperar o que nos foi expropriado”, salienta Kamanga​.

Esta não é a primeira pedra da discórdia entre Inglaterra e as suas antigas colónias. O diamante Koh-i-Noor é reclamado pela Índia, tendo a sua sangrenta história determinado que fosse excluído da coroa que, desde Alexandra, mulher de Eduardo VII, é associada às rainhas consortes. Camila irá usar a mesma coroa — que passou também pela rainha Maria, avó de Isabel II, que abdicou da sua posse para a oferecer à mulher do segundo filho, quando o casal se viu forçado a assumir o trono após a abdicação de Eduardo VIII —, mas sem o Koh-i-Noor.

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