Pensões: “Desonestidade política”, diz Montenegro; foi o PSD quem cortou, alega Costa

Líder do PSD insiste na ideia de que o primeiro-ministro confessou que tinha mesmo cortado mil milhões de euros nas pensões com o estratagema do complemento e do aumento por metade da inflação.

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Luís Montenegro rejeita ideia transmitida pelo primeiro-ministro de que foi o Governo PSD/CDS a cortar pensões LUSA/ANDRÉ KOSTERS

A propósito do anúncio do aumento das pensões em 3,57% em Julho, o PSD e António Costa entraram nesta segunda-feira numa guerra de palavras sobre quem cortou pensões, e quando, em que se regressou mesmo ao tempo de Passos Coelho e do memorando da troika.

Para o presidente do PSD, todo o processo de actualização das pensões para este ano foi uma "desonestidade política" de António Costa que "merece condenação". Luís Montenegro insiste ainda que se tratou de "um truque e uma ilusão".

O líder social-democrata respondia assim aos comentários de António Costa que, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros electrónico que aprovou novas medidas de apoio, lembrou que quem cortou pensões foi o PSD no Governo de Passos Coelho. Antes, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, dera o pontapé de saída do bate-boca que se prolongou pela tarde.

"O Governo reconheceu que fez um corte de mil milhões de euros nas pensões e vem agora anunciar que o vai reverter. Isso significa que a oposição do PSD, o primeiro a denunciar esse corte que o primeiro-ministro é incapaz de reconhecer, permitiu aos pensionistas essa (aparente) vitória", disse o dirigente social-democrata, lembrando que o PS votou contra a proposta do PSD para a actualização das pensões em 2023 de acordo com a lei. Classificou os anúncios de Fernando Medina de "exercício de propaganda e mistificação" e disse que Costa devolve apenas um "poucochinho" do que arrecada para os cofres do Estado.

"Os portugueses sabem bem o que significa corte de pensões porque isso já aconteceu no nosso país – ou seja, uma pessoa que recebia uma pensão no mês seguinte receber menos do que recebia", afirmou, por seu turno, António Costa. "As pessoas sabem o que significa um aumento de pensões: é o que tem acontecido ininterruptamente desde 2016", disse, insistindo na recusa de que tenha cortado pensões.

Agora, garante-se que "nenhum pensionista ficou sem receber exactamente o que tinha a receber de acordo com a lei de bases da Segurança Social" que obriga ao aumento consoante a inflação, argumentou Costa, justificando que o Governo actuou "com "responsabilidade", de "forma justa e prudente".

Para Luís Montenegro, o primeiro-ministro "confessou, afinal, que tinha cortado mil milhões de euros quando não aplicou a lei na actualização das pensões em Janeiro". E agora aparece "a fazer uma festa na qual está a dar aos pensionistas e reformados aquilo que já é deles". Com o objectivo claro de "agradar eleitoralmente a certos sectores da sociedade" num "esforço redobrado para tentar recuperar muita da credibilidade que viu perdida nos últimos tempos".

O aumento de 3,57% agora anunciado que será pago a partir de Julho "é o que decorre da aplicação da lei" e o que "o PSD apresentou numa proposta no Parlamento e que o PS rejeitou".

Sobre quem é o pai do corte nas pensões do tempo de Passos, o presidente do PSD salientou que "não é por António Costa repetir muitas vezes que passa a ser verdade algo que é, do ponto de vista intelectual e político, desonesto". "O corte de pensões do passado começou e foi da responsabilidade exclusiva dos governos do PS de que António Costa fez parte e apoiou. É grave porque António Costa sabe disto e diz o contrário ao país."

Já o Presidente da República mostrou não estar surpreendido com a reversão do corte da actualização automática das pensões. O Governo "está a fazer o que devia ter feito quando decidiu esperar. Eu sempre achei que ia fazer senão ia ter problemas jurídicos”, alegou Marcelo Rebelo de Sousa.

O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, veio também defender o Governo, defendendo que Luís Montenegro "deve pedir desculpa" por ter insultado o Governo e "porque mentiu reiteradamente aos portugueses".

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