Chefes de equipa de urgência de Medicina Interna do São Francisco Xavier demitem-se

Clínicos apresentaram a demissão em bloco numa carta enviada nesta segunda-feira ao conselho de administração, criticando a falta de soluções para os problemas do serviço.

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Médicos afirmam que a crise que o Serviço de Urgência Geral vive "é antiga e tem vindo a agravar-se nos últimos anos" LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Os chefes de equipa de urgência de Medicina Interna do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, apresentaram a demissão em bloco numa carta enviada nesta segunda-feira ao conselho de administração, criticando a falta de soluções para os problemas do serviço.

Na carta assinada por 16 assistentes hospitalares de Medicina Interna do Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLO), a que a agência Lusa teve acesso, os médicos afirmam que a crise que o Serviço de Urgência Geral (SUG) vive "é antiga e tem vindo a agravar-se nos últimos anos".

Em Julho do ano passado, a grande maioria dos subscritores anunciou a demissão por considerar que não estava devidamente assegurada a equipa para garantir a escala do mês de Agosto.

Os médicos afirmam na carta, enviada nesta segunda-feira também para a Ordem dos Médicos e sindicatos, que foram iniciadas na altura negociações com o actual conselho de administração com "o intuito de encontrar soluções que colmatassem as insuficiências denunciadas".

"Nos últimos sete meses, apesar da disponibilidade do grupo de assistentes hospitalares (AH) de Medicina Interna para colaborar com a instituição que representa, nenhuma mudança estrutural foi proposta ou executada, pelo que o problema que motivou a comunicação prévia agravou-se, tal como antecipado", afirmam os especialistas na carta enviada.

Os médicos afirmam que, aos problemas previamente comunicados, junta-se agora outro, que se refere à escassez de assistentes hospitalares de Medicina Interna para constituição das equipas de Serviço de Urgência Geral.

Os internistas expressam as suas preocupações relativamente à constituição destas equipas e à elaboração das respectivas escalas, enfatizando que asseguram o funcionamento dos serviços de internamento (incluindo serviços de enfermaria e unidades de cuidados intermédios), hospital de dia, consulta externa, além do preenchimento das escalas de urgência interna, muitas vezes em regime extraordinário.

"Neste sentido, com o recurso frequente a turnos extraordinários, prevê-se a impossibilidade de preencher as escalas do SUG nos meses de Verão, altura em que a maior parte dos assistentes hospitalares terá cumprido as 150 horas extraordinárias que lhes podem ser impostas", alertam.

Consideram ainda "reprovável e discriminatória" a prestação de actividade assistencial em períodos exclusivamente nocturnos e de fim-de-semana face ao que ocorre com outras especialidades médicas.

"A presença destas especialidades nesses períodos deixou de acontecer, com impacto no normal funcionamento do SUG", o que representa uma carga adicional de trabalho para a Medicina Interna na urgência.

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