Joe Biden garante solidez do sistema financeiro dos Estados Unidos

Falência do SVB não põe em causa depósitos e salários, assegurou o presidente norte-americano nesta segunda-feira. Na Europa, vários ministros das finanças garantem que banca não está em risco.

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Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, na Casa Branca esta manhã EPA/Chris Kleponis / POOL

Nos Estados Unidos e na Europa, os líderes políticos tentam conter a onda de pânico que se instalou no sistema financeiro por causa da falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank nos últimos dias. O presidente norte-americano, Joe Biden, garantiu nesta segunda-feira, que o sistema bancário do país “é sólido” e “seguro”. Enquanto os ministros das Finanças de França ou da Bélgica afirmaram que, por enquanto, a falência dos bancos do outro lado do Atlântico não está a afectar a banca dos seus países.

“O sistema financeiro nos Estados Unidos é sólido, está seguro e os depósitos estão salvaguardados”, garantiu Joe Biden, numa curta declaração proferida na Casa Branca, antes da abertura dos mercados nesta segunda-feira.

O presidente norte-americano quis descansar os clientes dos dois bancos, nomeadamente as empresas, garantindo que os “depósitos vão estar disponíveis” quando forem necessários.

“Os vossos depósitos estarão disponíveis quando precisarem deles. Os pequenos negócios que têm contas nestes bancos podem respirar de alívio, sabendo que serão capazes de pagar aos seus trabalhadores e as suas contas”, afirmou, acrescentando que também os trabalhadores ficar tranquilos.

O presidente norte-americano sublinhou a “acção rápida” da sua administração nos últimos dias. Durante o fim-de-semana, o Departamento do Tesouro, a Reserva Federal (Fed) e a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) tentaram conter o pânico, assegurando que os clientes norte-americanos terão acesso a todo o dinheiro depositado no SVB e no Signature Bank.

Apontando o dedo à administração de Donald Trump, que “aliviou as regras” do sistema bancário, Biden assumiu o compromisso de “responsabilizar” os gestores e continuar os esforços “para reforçar a supervisão e a regulação dos bancos de maior dimensão, para que não estejamos de novo nesta posição”.

O Presidente dos Estados Unidos apelou ainda ao Congresso para “reforçar” a regulação do sector financeiro.

A falência do SVB, com sede na Califórnia, foi decretada na sexta-feira, depois de uma corrida em massa aos depósitos, durante dois dias, por parte dos seus clientes, maioritariamente start-ups do sector tecnológico. A situação de liquidez do banco deteriorou-se de tal forma e num ritmo tão acelerado que as autoridades norte-americanas optaram por encerrar o banco.

Durante o fim-de-semana, ficou também a saber-se que o Signature Bank, com sede em Nova Iorque, foi declarado falido.

A falência dos dois bancos tem gerado preocupação em várias partes do mundo, nomeadamente na Europa, onde o SVB tem várias filiais.

No Reino Unido, o HSBC anunciou a compra da subsidiária britânica do SVB, pela quantia simbólica de uma libra (1,13 euros), uma operação que teve o acordo do governo e do Banco de Inglaterra.

À entrada para a reunião do Eurogrupo, vários ministros das Finanças asseguraram que o colapso dos dois bancos norte-americanos não está a afectar a banca europeia.

O ministro francês, Bruno Le Maire, diz que a está a acompanhar a situação e aconselhou calma aos investidores, garantindo que as falências nos Estados Unidos não gera uma preocupação específica em relação aos bancos franceses.

“Claro, que estamos a acompanhar a situação de muito perto, mas quando se olha para modelo económico e financeiro do BNP Paribas, da Société Générale e de outros bancos franceses: é radicalmente diferente do modelo do SVB”, acrescentou.

Já o ministro belga, Vincent Van Peteghem, diz que a situação está a ser monitorizada e, “por agora, não temos indicação de que haja um impacto nos bancos belgas”.

“Temos um quadro regulamentar europeu e belga muito claro, que nos permite saber qual é a situação e nos ajuda a manter a confiança no sistema bancário", acrescentou.

Banca no vermelho

A falência dos bancos norte-americanos está a provocar uma grande instabilidade nos mercados nesta segunda-feira.

Nos Estados Unidos, as acções de vários bancos regionais como o First Republic caíram, por causa dos receios dos investidores quanto à eficácia das medidas tomadas durante o fim-de-semana pelas entidades reguladoras. O First Republic viu as acções cair 75%, enquanto o Western Alliance Bank caiu 80%.

O Stoxx 600, que serve referência para a Europa, estava a cair 1,8% no início da manhã, com o sector da banca a perder mais - o Commerzbank e o Credit Suisse estavam entre as instituições financeiras mais penalizadas.

Entre os vários índices das praças europeias, o alemão Dax recuava 2,03%, o francês CAC-40 desvalorizava 1,79%, o índice espanhol Ibex 35 recuava 2,60%, o italiano FTSE Mib 1,55%, e o britânico FTSE 100 recuava 1,63%.

Em Portugal, o PSI caía 2,51% ao início da tarde, em linha com o que estava a acontecer no resto das praças europeias. O BCP, o único banco do índice, liderava as quedas e estava a recuar 8,02%.

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