Como gerir a sua doença crónica?

Vivemos cada vez mais e, por isso, temos mais doenças crónicas. Ser consistente com as recomendações e o plano terapêutico combinado com o seu médico é a chave na gestão da doença crónica.

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Controlar as doenças numa fase inicial permite evitar o seu agravamento ou o aparecimento de novas doenças Ravi Patel/Unsplash

De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, a esperança média de vida em Portugal ronda os 81 anos de idade. Mais de metade da população adulta portuguesa sofre de pelo menos uma doença crónica e mais de um terço apresenta pelo menos duas doenças crónicas, segundo um estudo divulgado em 2019 pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

A doença crónica é a que apresenta uma duração prolongada e progressão lenta, que não se resolve espontaneamente e que raramente tem cura. As mais comuns são as doenças cardiovasculares, que incluem o coração e o cérebro, as doenças respiratórias, como asma e doença pulmonar obstrutiva crónica, a diabetes, a obesidade, vários tipos de cancro, doenças osteoarticulares/reumatológicas, como a osteoporose, e as perturbações da saúde mental, como depressão e ansiedade.

É inevitável o aparecimento de doenças crónicas no processo de envelhecimento, com o aumento da longevidade, fruto também dos progressos na Medicina e nas condições socioeconómicas. A preocupação do médico de Medicina Geral e Familiar, especialidade focada nos cuidados de saúde preventivos e na abordagem do doente como um todo, deve centrar-se na melhoria da qualidade de vida do seu doente.

Controlar as doenças numa fase inicial permite evitar o seu agravamento ou o aparecimento de novas doenças. Melhorar a adesão ao tratamento, simplificando as tomas de medicação, ajustando o horário das tomas às rotinas do doente ou associando medicamentos num só comprimido, facilita o controlo das doenças crónicas.

Estabelecer uma relação médico-doente de proximidade e envolver o doente na tomada de decisão pode também ajudar no compromisso com o plano terapêutico escolhido. Assim como capacitar o doente e a sua estrutura de suporte (família, cuidadores ou outros), informando sobre a doença, gestão de medicação ou outras medidas de tratamento, sinais de alarme e sobre autocuidados promotores de saúde.

E que papel pode ter o doente? Tanto em situações de saúde como de doença, deve procurar a adoção de estilos de vida saudáveis. Nas situações em que a doença já está instalada, esses comportamentos permitem melhor controlo da doença, minimizam agudizações ou complicações, podem até implicar a redução da medicação prescrita (em número e em dose) e prevenir outras doenças.

A idade, o género e a história pessoal e familiar do doente podem ser fatores de risco, mas não são passíveis de intervenção. Deve focar-se, assim, nas áreas em que pode atuar, consideradas pilares do estilo de vida.

Aconselha-se uma alimentação baseada na dieta mediterrânica, procurando respeitar as proporções da roda dos alimentos e privilegiando a água como bebida de eleição.

Deve dormir pelo menos sete horas, de forma regular e com qualidade.

O exercício físico deve ser regular e adaptado às limitações de cada um. No geral, recomendam-se 150 a 300 minutos de atividade física aeróbia de intensidade moderada, ou pelo menos 75 a 150 minutos de atividade física aeróbia de intensidade vigorosa, ou ainda uma combinação de ambos ao longo da semana. E estão também aconselhadas atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada ou superior pelo menos dois dias por semana.

Não deve fumar e o consumo de bebidas alcoólicas, caso exista, deve ser moderado. Deve procurar gerir o stress e estimular as relações sociais, evitando o isolamento social.

Ser consistente com as recomendações de saúde e o plano terapêutico combinado com o seu médico é a melhor chave de sucesso na gestão da doença crónica.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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