Incêndios no Chile ameaçam os cervos mais pequenos do mundo

Os incêndios destruíram mais de 300 mil hectares, incluindo os habitats de espécies como o monito del monte e o pudu, o cervo mais pequeno do mundo.

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No Chile, os incêndios destroem centenas de casas e põem em perigo os cervos mais pequenos do mundo Reuters/IVAN ALVARADO

Os incêndios florestais nas zonas Centro e Sul do Chile resultaram na morte de 26 pessoas e destruíram centenas de casas durante a noite de quarta-feira, devastando os habitats dos animais vulneráveis da floresta.

"Pedimos a todos os que possam para cuidarem das florestas que estão actualmente em chamas e também dos nossos animais, espécies de extrema importância", afirmou Valentina Aravena, responsável por um centro de reabilitação de vida selvagem na cidade de Chillán.

A Associação Nacional de Florestas do Chile (CONAF, na sigla em inglês) anunciou na quarta-feira que a área afectada pelos incêndios se tinha espalhado por mais de 300 mil hectares, uma zona quase duas vezes maior do que a Grande Londres, região inglesa que incluí 33 distritos.

As autoridades mexicanas acrescentaram ainda que cerca de 2.180 pessoas ficaram feridas e que 1.180 casas foram destruídas, sendo que a maioria das mortes e danos foi registada nas regiões do centro-sul de Biobio, Araucania e Ñuble.

Na quarta-feira ao final do dia, a ministra do Interior, Carolina Toha, informou que o Governo iria declarar um recolher obrigatório em algumas províncias a partir desta quinta-feira. A medida surge depois de ter alertado para a escassez de tanques de água e ter apelado aos fornecedores para que os disponibilizassem.

Do monito del monte ao pudu

No centro de reabilitação de Chillán, a capital da região de Ñuble, os veterinários trataram queimaduras em animais nativos da floresta, como o monito del monte, um pequeno marsupial nocturno, e o pudu, o cervo mais pequeno do mundo.

Veterinários tratam das queimaduras de um pudu, o veado mais pequeno do mundo REUTERS/Ivan Alvarado
Veterinários tratam das queimaduras de um pudu, o veado mais pequeno do mundo REUTERS/Ivan Alvarado
Veterinários tratam das queimaduras de um pudu, o veado mais pequeno do mundo REUTERS/Ivan Alvarado
Veterinários tratam das queimaduras de um pudu, o veado mais pequeno do mundo REUTERS/Ivan Alvarado
Os furões foram outras das espécies resgatadas dos incêndios REUTERS/Ivan Alvarado
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Veterinários tratam das queimaduras de um pudu, o veado mais pequeno do mundo REUTERS/Ivan Alvarado

Segundo a responsável pelo centro de reabilitação de Chillán, estas espécies são essenciais para ajudarem a espalhar sementes.

"Tentamos estabilizá-las, tratá-las, aliviar a dor das queimaduras que sofreram, e idealmente, reabilitá-las para que possam regressar à natureza", explicou Valentina Aravena.

Nas proximidades da cidade vizinha de Quillón, o Enrique Narvaez observava os bombeiros a trabalhar durante a noite. "O incêndio de 2011 incendiou a minha casa, todas as árvores, tudo. Não quero voltar a passar pelo mesmo agora", declarou.

O Presidente do Chile, Gabriel Boric, agradeceu ao homólogo brasileiro, Lula da Silva, a ajuda que ofereceu no valor de 672 mil dólares (624 mil euros) e acrescentou que ia enviar um jacto da Força Aérea com equipamento de combate a incêndios, pessoal e especialistas. Espanha, Colômbia e México são outros dos países que também estão a ajudar.

Segundo a empresa fabricante de papel e painéis de madeira Arauco, que é também o braço florestal da companhia energética Empresas Copec, 40 mil hectares das plantações poderão ter sido afectados, apesar de a possível extensão dos danos ser ainda pouco clara.

Na terça-feira, um ministro chileno já tinha alertado que as altas temperaturas previstas para esta semana poderiam complicar ainda mais a situação.

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