Militares ucranianos começam a receber formação para operar tanques ocidentais

Primeiro grupo chegou ao Reino Unido para receber formação para poder usar os Challenger 2 na guerra.

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Tanque russo destruído transformado em obra de arte nos arredores de Kiev Reuters/VALENTYN OGIRENKO

Sem tempo a perder, as primeiras equipas de militares ucranianos chegaram este domingo ao Reino Unido para iniciarem os treinos específicos para operar os tanques prometidos pelos aliados ocidentais de Kiev, considerados cruciais para manter a resistência à invasão russa.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Defesa britânico através da sua conta no Twitter. “O Reino Unido vai fornecer tanques Challenger 2 à Ucrânia ao lado das nações parceiras de todo o mundo – demonstrando o apoio à Ucrânia a nível internacional”, escreveu o Ministério na publicação.

Na semana passada, os EUA e a Alemanha chegaram a acordo para enviar tanques Abrams e Leopard 2 para a Ucrânia, pondo fim a um longo debate em torno de um assunto considerado altamente urgente pelas autoridades de Kiev. Berlim tinha relutância em fornecer os seus tanques e autorizar que outros países o fizessem, mas depois de muita pressão por parte dos aliados mais próximos da Ucrânia, como a Polónia, o Governo alemão levantou as restrições.

Antes, o Reino Unido já tinha prometido fornecer 14 tanques Challenger 2. Ao todo, os parceiros da NATO comprometeram-se a enviar 130 tanques de modelos muito avançados para a Ucrânia nos próximos meses, um número abaixo dos 300 pedidos por Kiev. A partir de agora, centenas de militares ucranianos vão receber treino específico para poderem operar os veículos, considerados altamente complexos.

A Rússia acusou os países da NATO de tomarem uma decisão “extremamente perigosa” que só irá aumentar a violência do conflito, mas diz não estar preocupada com o efeito que as aquisições podem ter no campo de batalha. A fazer fé nas palavras de Dmitri Rogozin, director do Tsar Wolves, um grupo que aconselha o Kremlin, a Rússia até já desenvolveu um antídoto para derrotar os tanques prometidos à Ucrânia.

Segundo Rogozin, a Fundação de Pesquisas Avançadas e a empresa Android Technology estão a desenvolver uma versão do robô de reconhecimento Marker capaz de “detectar automaticamente e destruir os Abrams, Leopard e outros veículos” no campo de batalha.

Alguns especialistas estão cépticos. Sam Bendett, consultor do Center for a New American Security, lembra que estes robôs foram testados em cenários muito diferentes aos de uma batalha. “Além disso, os tanques ocidentais irão estar integrados em formações combinadas com apoio aéreo, como drones ou UAV [veículos aéreos não tripulados], que vão caçar todos os alvos russos, incluindo os veículos terrestres Marker”, disse o analista ao site especializado Defense One.

Batalhas no Donbass

Para a Ucrânia, a entrada em cena dos tanques ocidentais é uma corrida contra o tempo e as indicações no campo de batalha são preocupantes. No Donbass, a linha da frente é cada vez mais difícil de discernir, perante os constantes avanços e recuos e a incerteza quanto aos territórios controlados por cada um dos lados.

Este domingo, o Grupo Wagner, a empresa de segurança privada que tem estado na linha da frente da ofensiva russa nos últimos meses, disse ter tomado a cidade de Blahodatne, no Leste da província de Donetsk. No entanto, as forças ucranianas afirmaram, no relatório diário matinal, terem repelido um ataque na mesma localidade, para além de 13 outros locais.

Em Bakhmut, cidade que tem estado no centro dos combates, a situação é considerada extremamente difícil pelas autoridades ucranianas.

Na cidade de Kherson, três pessoas morreram e seis ficaram feridas depois de um bombardeamento russo ter atingido um hospital e uma escola, segundo a administração regional.

A Rússia disse que 14 pessoas morreram e 34 ficaram feridas depois de um ataque aéreo ucraniano sobre um hospital na cidade de Novoaidar, na província de Lugansk que é quase totalmente controlada pelas milícias pró-russas. O Kremlin acusou igualmente os EUA e a NATO de serem indiferentes à “violação monstruosa do direito internacional por parte de Kiev”.

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