Costa diz ser “absolutamente falso” que câmaras passem a contratar professores

Para o chefe do Governo, os protestos dos professores resultam de “muito erro de percepção”, porventura de uma comunicação que “não tem sido totalmente directa”.

Foto
António Costa acrescentou às motivações da contestação a acumulação, “durante muitos anos, de um conjunto grande de motivos de insatisfação” Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW

O primeiro-ministro disse esta terça-feira em Benavente ser “absolutamente falso” que os municípios vão passar a contratar professores e que não vai ser cumprida a lista de graduação nas contratações.

Confrontado à saída da apresentação de um projecto para produção de hidrogénio verde numa unidade em Benavente (Santarém) com uma manifestação de meia centena de professores, António Costa disse aos jornalistas que o Governo vai continuar a negociar com os sindicatos, lembrando que, para dia 18, o Ministério da Educação tem reuniões marcadas para a terceira ronda de negociações.

Para o chefe do Governo, os protestos dos professores resultam de “muito erro de percepção”, porventura de uma comunicação que “não tem sido totalmente directa” e de “uma contra-informação grande através da rede WhatsApp, dizendo que os presidentes de câmara é que passavam a contratar os professores, que é absolutamente mentira”.

António Costa acrescentou às motivações da contestação a acumulação, “durante muitos anos, de um conjunto grande de motivos de insatisfação”.

“Não há municipalização. Isso é confusão total. É absolutamente falso. Admito que tenha resultado da confusão do facto de estarmos a negociar o processo de descentralização e o modelo de contratação de professores, mas são modelos completamente distintos”, declarou.

Segundo o primeiro-ministro, o Governo está a descentralizar para as câmaras municipais a possibilidade de passarem a fazer nos 2.º e 3.º ciclos e no secundário “aquilo que já fazem no 1.º ciclo e no ensino pré-escolar, que tem a ver, designadamente, com a gestão das instalações e o pessoal não docente”.

“Quanto ao pessoal docente não há nenhuma competência a transferir para as câmaras. Isso é uma falsidade total”, acrescentou.

Por outro lado, o primeiro-ministro assegurou que os concursos terão sempre por base a lista nacional de graduação, passando a ser dada a “oportunidade” aos agrupamentos de escolas para contratarem professores que preencham horários que ficam vagos.

“Para tornar mais fácil essas contratações, temos vindo a flexibilizar”, disse, dando o exemplo da possibilidade de a mesma pessoa ter horário completo leccionando em várias escolas.

Para António Costa, é essencial mudar um modelo que concurso que faz com que os professores andem “anos e anos com a casa às costas” até se vincularem, passando a permitir que só saiam “se e quando desejarem sair, e não serem obrigados a sair”.

Um grupo de professores concentrou-se no exterior da Fusion Fuel, na Zona Industrial Vale Tripeiro, em Benavente, exibindo cartazes e gritando palavras de ordem como “Costa, escuta, os professores estão em luta”, “Respeito!”, “escola pública” ou “professores a lutar também estão a ensinar”.

Sugerir correcção
Ler 17 comentários