“A história está a repetir-se”: Papa compara extermínio nazi de judeus à situação na Ucrânia

Papa recordou a operação secreta levada a cabo pelos nazis para exterminar os judeus na Polónia, notando que o mesmo se passa agora na Ucrânia, onde o povo tem sido “martirizado”.

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Papa Francisco tem sido cada vez mais contundente na condenação das acções russas Reuters/REMO CASILLI

O Papa Francisco comparou esta quarta-feira a guerra na Ucrânia com a Operação Reinhardt, o plano secreto dos nazis lançado em 1942 para assassinar judeus na Polónia durante a Segunda Guerra Mundial.

Num discurso perante peregrinos polacos numa audiência geral, no Vaticano, o Papa Francisco recordou a operação nazi de "exterminação".

“Na segunda-feira passada, o Centro de Relações Católico-Judaicas da Universidade Católica de Lublin assinalou o aniversário da Operação Reinhardt, que levou ao extermínio de quase dois milhões de vítimas, a maioria de origem judaica, durante a II Guerra Mundial", lembrou o Papa.

"Que a memória deste evento horrível inspire intenções e acções de paz em todos", disse, ligando a eliminação de judeus na II Guerra Mundial ao presente: "A história está a repetir-se. Vemos o que está a acontecer agora na Ucrânia".

Francisco concluiu a audiência pedindo à Virgem da Imaculada, cuja festa se celebra na quinta-feira, que “dê conforto a todos os afectados pela brutalidade da guerra” e “especialmente à martirizada Ucrânia”, além de exortar os fiéis a rezar pelo povo ucraniano “martirizado” e “tão sofrido”.

No prólogo de um livro que acaba de ser publicado com os seus apelos à paz na Ucrânia, o Papa encorajou os fiéis “a continuarem a rezar com insistência pela paz na Ucrânia, verdadeiramente sem nos cansarmos, não devemos nos acostumar com esta guerra como qualquer outra”.

“Não devemos deixar os nossos corações e mentes entorpecidos pela repetição destes graves horrores contra Deus e contra o homem. Não devemos, por nenhuma razão no mundo, acostumar-nos com tudo isso, dando quase como certo que esta III Guerra Mundial fragmentada, que escalou dramaticamente diante de nossos olhos, tornar-se num III Guerra Mundial total”, sublinhou o Papa.

Ao longo do conflito na Ucrânia, o sumo pontífice tem sido cada vez mais contundente na condenação das acções russas. No mês passado, disse que o povo ucraniano está a ser "martirizado", tendo comparado os efeitos da guerra ao "terrível genocídio" de Holodomor, no início da década de 1930.

O Papa já ofereceu várias vezes a mediação do Vaticano para ajudar a resolver o conflito, mas as suas intervenções têm motivado críticas do Kremlin, que chegou a declarar os comentários do Papa "não cristãos" e incompreensíveis.

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