Fernando Santos: “A cabeça que tem de pensar é a minha”

O seleccionador nacional anunciou os 26 convocados para o Mundial do Qatar sem justificar individualmente as suas escolhas, apenas assumindo responsabilidade pela lista completa.

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Fernando Santos, seleccionador nacional Reuters/PEDRO NUNES

Fernando Santos entrou na sala de imprensa da Cidade do Futebol, leu depressa a lista dos 26 convocados para o Mundial e, a todas as perguntas que lhe fizeram sobre determinada opção, o seleccionador nacional respondeu sempre da mesma maneira, assumindo a responsabilidade pela lista, mas sem individualizar nas presenças ou nas ausências, seja sobre o estreante António Silva ou sobre o “esquecido” João Moutinho.

“A responsabilidade é minha, defendo as minhas escolhas e assumo a responsabilidade. Se estivessem outros de fora, faziam as mesmas perguntas. Seria anormal se estivéssemos todos de acordo nesta sala, fui vendo muitas listas, mas não vi nenhuma igual a esta. A cabeça que tem de pensar é a minha”, referiu Fernando Santos na conferência de imprensa que se seguiu.

O seleccionador não falou especificamente sobre a chamada dos benfiquistas António Silva e Gonçalo Ramos, nem sobre a ausência de Moutinho, que é o segundo jogador português mais internacional de sempre, sobre a opção por Matheus Nunes em detrimento de Renato Sanches, ou até sobre uma eventual chamada de Rafa Silva. Fernando Santos defendeu-se sempre com o seu direito de escolha enquanto seleccionador e não falou em nomes.

“O que é relevante é que temos agora 26, tenho confiança em todos. É sempre discutível se devia ser o João, o António ou o Manel. Quem foi convocado acha que foi feita justiça, quem não foi, acha que houve injustiça. Tinha confiança nos outros, mas esta foi a minha opção”, disse o seleccionador, mantendo o mesmo discurso mais à frente quando foi questionado sobre uma opção para o meio-campo: “Não vou dizer, não fica bem para quem ficou de fora nem para quem ficou dentro. Já aconteceu levar jogadores que não estiveram presentes em fases finais. Tinha de fazer escolhas e escolhemos com base naquilo que é o nosso plano, percebo a pergunta, mas não parece correcto.”

Todas as opções, referiu o engenheiro, obedecem a um plano: “As observações, a análise dos jogadores... As nossas convocatórias são sempre feitas assim, nada de novo. O que fizemos foi olhar para a lista dos 55 jogadores e ver, neste momento, qual a melhor forma de potenciar a capacidade dos jogadores”, frisou, referindo, no entanto, que teve dúvidas até à última hora - “há sempre”.

Uma das dúvidas era a disponibilidade de Pepe, mas o central do FC Porto acabaria mesmo por ser um dos 26, mesmo não jogando desde o início de Outubro. “Na última reunião que tive com o departamento clínico, disseram-me que não havia ninguém inapto. Às vezes dizem-me que há esta ou aquela dúvida. Acho que estão todos prontos”, referiu Santos, que abriu uma excepção para falar qual é o papel designado para Danilo Pereira. “Estão quatro centrais convocados, neste momento o Danilo vai como central. Se pode jogar a médio? Claro.”

E Rafa? Como ficaram as coisas com o extremo benfiquista? Chegou a ser ponderada a sua chamada mesmo depois de se ter auto-excluído? “Acho que já fui bem claro nessa resposta. Não vou falar sobre isso, é um não-assunto.”

Cristiano Ronaldo está com fome

Cristiano Ronaldo não tem tido a melhor das épocas em Old Trafford, mas isso não é algo que preocupe Fernando Santos. “Não me preocupa. A partir de hoje vou para estágio, vou estar nestes dias fora para montar a estratégia certa. Vamos pensar na estratégia que melhor potencie os jogadores, incluindo o Cristiano”, referiu.

Mais à frente, voltou a falar do capitão da selecção para referir que ele está com “fome”, tal como todos os outros. “O Cristiano jogou nos últimos quatro jogos. Não me falem de há um mês, falem de agora. O Cristiano, como todos, vêm todos com uma fome enorme de tornar Portugal campeão do mundo.”

E é nisso que Fernando Santos acredita, que a selecção portuguesa pode chegar ao título. “O que esta equipa pode dar é ser campeão do mundo, eu acredito, os meus jogadores acreditam. Não pode haver serviços mínimos”, disse o seleccionador, falando da França como o principal favorito: “O favorito é quem ganhou o anterior, a França. Depoisum conjunto de equipas que acreditam que podem ganhar e desse lote faz parte Portugal.”

A fechar, Fernando Santos reforçou que não é adepto deste Mundial a meio da época, mas que o torneio organizado pelo Qatar acaba por ter algumas vantagem: “Não há ninguém que não critique a prova nesta altura. Não é bom para os clubes, nem para as equipas nacionais. A única vantagem que tem são as viagens, não ter de viajar. Esta é a minha sexta fase final. No Brasil, na Rússia, as viagens entre os jogos eram terríveis. Nesse aspecto há alguma vantagem, vamos estar sempre no nosso hotel, são distâncias curtas e o desgaste é menor. Aqui estamos sempre na nossa base, as condições são boas, tem essa vantagem, acaba o jogo vamos para o hotel.”

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