Vitórias, derrotas e algumas conclusões preliminares das eleições nos EUA

Partido Republicano encaminha-se para a vitória na Câmara dos Representantes, mas com uma margem provavelmente curta. No Senado, ainda está tudo em aberto.

Foto
John Fetterman derrotou Mehmet Oz, uma celebridade apoiada por Donald Trump, e ganhou um lugar importante para os democratas no Senado Reuters/QUINN GLABICKI

Com muitos votos ainda por contar, a disputa pelo controlo do Congresso norte-americano ainda está totalmente em aberto. Neste momento, não há sinais de que venha a acontecer a “onda vermelha” que o Partido Republicano esperava, que lhe permitiria uma vitória arrebatadora tanto no Senado quanto na Câmara dos Representantes.

Eis algumas conclusões a reter neste momento:

Partido Republicano deverá ganhar Câmara dos Representantes

Com a maioria a fixar-se nos 218 lugares, os republicanos garantiram até ao momento 197 representantes na Câmara dos Representantes, de acordo com as projecções da Associated Press, e encaminham-se para a vitória. O que permanece uma incógnita é que dimensão terá a sua maioria.

Até agora, os democratas controlavam esta câmara baixa do Congresso com uma curta margem de 222 deputados, contra 213 dos republicanos. Neste momento, as projecções eleitorais apontam para uma vitória republicana a situar-se nos 224 lugares.

Se isso se verificar, os democratas perderão à volta de 15 lugares, o que está muito longe de ser um resultado fantástico para os republicanos (que, por exemplo, em 2010, quando Obama era Presidente, conseguiram tirar 64 lugares ao adversário).

No entanto, mesmo que a maioria seja de apenas uma pessoa, o controlo da câmara baixa do Congresso permitirá ao Partido Republicano atrasar ou impedir a aprovação de leis democratas, podendo paralisar a agenda de Joe Biden.

Corrida ao Senado muito incerta

Na disputa pela câmara alta do Congresso, o Senado, onde tomam assento cem senadores (mais a vice-presidente), ainda é impossível fazer previsões. Neste momento, a expectativa é de que tudo se mantenha como desde as eleições de 2020: 50 lugares para os democratas e 50 para os republicanos, com o voto de Kamala Harris a desempatar a favor dos democratas.

Isto significa que também nesta corrida não há sinais da “onda vermelha” desejada pelos republicanos. Aliás, já esta manhã (madrugada nos EUA), o concorrente democrata pela Pensilvânia, John Fetterman, bateu o candidato republicano, Mehmet Oz (o famoso Dr. Oz da televisão), e “virou” um lugar que era republicano.

Falta ainda apurar resultados nos estados do Nevada, Arizona, Alasca, Georgia e Wisconsin.

Donald Trump ainda não sabe se venceu

Estas são eleições legislativas, em que o nome do ex-Presidente não aparece em nenhum boletim de voto. Mas Trump, que deverá anunciar uma recandidatura à Casa Branca em 2024, apoiou muitos candidatos republicanos nesta corrida e ainda terá de esperar para saber se foram apostas ganhas.

A derrota do Dr. Oz na Pensilvânia é a mais sonante até agora entre as fileiras de apoiantes do ex-Presidente.

No Arizona, ainda sem resultados definitivos, a candidata a governadora Kari Lake e o candidato ao Senado Blake Lakers estão atrás dos adversários democratas na contagem de votos.

Na Georgia, o candidato ao Senado Herschel Walker também está actualmente em desvantagem na corrida, enquanto no Michigan a governadora democrata, Gretchen Whitmer, bateu a adversária apoiada por Trump, Tudor Dixon.

Já no Ohio, o lugar do Senado foi ganho pelo republicano J.D. Vance, com 53% dos votos.

Antes das eleições, a propósito dos candidatos que apoiou, Trump disse numa entrevista: “Bom, se ganharem, o mérito é todo meu, mas, se perderem, não tenho culpa nenhuma.”

Também importante, do ponto de vista das perspectivas de Trump para 2024, foi a reeleição folgada do governador da Florida, Ron DeSantis, com quase 60% dos votos. Visto como um potencial candidato republicano às presidenciais, DeSantis pode, com este resultado, ganhar mais argumentos numa eventual disputa interna com o ex-Presidente.

Aborto, marijuana e outros temas

Nesta ida às urnas, os eleitores foram também chamados a pronunciar-se sobre temas como o direito ao aborto e ao consumo de marijuana em alguns estados.

Na Califórnia e no Vermont, a inscrição de uma emenda na constituição estadual com vista à protecção do direito ao aborto foi, sem surpresa, aprovada por larga maioria. No Michigan, também foi aprovada uma medida do mesmo tipo.

Em dois estados tradicionalmente republicanos, Kentucky e Montana, também houve votações sobre o mesmo tema. Apesar de ainda não haver resultados definitivos, as projecções indicam que podem vir a ser abolidas as medidas antiaborto.

Quanto ao uso da marijuana para fins recreativos, foi aprovada nos estados de Maryland e Missouri e rejeitada no Arkansas e Dakota do Norte.

Outros assuntos estiveram também nos boletins de voto. No Ohio, os eleitores aprovaram uma medida que impede as pessoas que não têm cidadania americana de votar em eleições locais. No Iowa, foi aprovada uma emenda à constituição estadual para que o direito ao porte de armas seja protegido. No Alabama, os eleitores apoiaram uma medida para remover menções racistas da constituição estadual, enquanto no Luisiana uma proposta semelhante foi rejeitada.

Sugerir correcção
Comentar