Inditex, dona da Zara, vende negócios na Rússia a grupo do Médio Oriente

O objectivo, explica a gigante espanhola de vestuário, é assegurar os postos de trabalho naquele país. Não põe de parte o regresso à Rússia, caso as circunstâncias do conflito na Ucrânia mudem.

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Loja da Zara fechada em Moscovo EPA/MAXIM SHIPENKOV

A Inditex, dona de marcas como a Zara ou a Massimo Dutti, chegou a acordo para a venda das lojas na Rússia ao grupo Daher do Médio Oriente. Todavia, não deixa de parte voltar ao país, caso as circunstâncias com a guerra na Ucrânia mudem, informou a gigante espanhola do vestuário, na terça-feira, em comunicado.

O negócio surge como uma opção estratégica, já que o Kremlin considera os Emirados Árabes Unidos e uma série de outras nações do Golfo Pérsico como pacíficas e encoraja a que continuem as suas operações na Rússia. A Inditex fechou as suas mais de 500 lojas naquele país na sequência da invasão da Ucrânia, a 24 de Fevereiro deste ano, e a todas as sanções dos países ocidentais que se seguiram.

Os termos do acordo, que não foram revelados por completo, vão permitir a preservação de “um número substancial” de postos de trabalho — seriam cerca de 9000 trabalhadores —, explicou a empresa espanhola. A transacção inclui a transferência dos contratos de arrendamento da maioria das lojas. Antes de assinar o acordo, a Inditex ter-se-á certificado que os senhorios das lojas aprovavam a mudança, para acomodar as operações da Daher.

Uma transferência de 216 milhões de euros feita no primeiro semestre do ano para a Rússia e a Ucrânia “cobriu substancialmente o impacto do cessar da actividade do grupo na Federação Russa”, sublinha a Inditex, justificando agora a decisão de vender as operações com o esforço financeiro que implicaria manter a situação como até agora.

O grupo que compra as lojas da Inditex é liderado pela família libanesa Daher, proprietária da companhia de retalho sediada em Beirute, Azadea. A companhia do Líbano tem uma parceria com a Zara no Médio Oriente desde 1998 e trabalha com outras multinacionais de moda.

A decisão do grupo de Amancio Ortega não surge como uma surpresa — também já o grupo espanhol Mango havia aflorado a possibilidade de realizar um negócio semelhante com parceiros locais na Rússia, para que passassem a ser estes encarregues da gestão das lojas nesse país.

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