Desemprego recua para 5,7% no segundo trimestre

A população empregada manteve-se praticamente inalterada em comparação com o trimestre anterior e aumentou perto de 91 mil pessoas face ao ano passado.

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O mercado de trabalho tem vindo a dar sinais de resistência à crise da pandemia, da guerra na Ucrânia e à subida da inflação Rui Gaudêncio

O mercado de trabalho continua a dar sinais de recuperação. No segundo trimestre de 2022, a taxa de desemprego global recuou para 5,7% e o desemprego jovem registou uma diminuição mais acentuada, tendo recuado de 20,6% para 16,7%.

Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a população desempregada (298,8 mil pessoas) diminuiu 3,1% em relação ao trimestre anterior e 13,6% relativamente ao trimestre homólogo.

A redução homóloga do desemprego reflecte os decréscimos verificados no grupo das mulheres (menos 24 mil pessoas); das pessoas dos 16 aos 24 anos (menos 25,9 mil); com ensino secundário ou pós-secundário não superior (menos 28,7 mil); à procura de novo emprego (menos 49,3 mil) e sem trabalho há menos de 12 meses (menos 44,5 mil).

O INE dá ainda conta de uma redução “acentuada” do desemprego jovem, embora neste grupo a taxa de desemprego continue a ser 2,9 vezes superior à registada no conjunto da população. O desemprego nas pessoas entre os 16 e os 24 anos foi de 16,7%, valor inferior aos 20,6% verificados no trimestre anterior e aos 23,7% registados em 2021.

A subutilização do trabalho abrangeu 600,7 mil pessoas, tendo diminuído 2,8% (17,5 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 8,2% (53,5 mil pessoas) relativamente ao período homólogo. De igual modo, também a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,2%, diminuiu.

Já o emprego manteve-se praticamente inalterado no segundo trimestre do ano. O INE deu conta de 4,9 milhões de pessoas empregadas em Portugal, um número muito semelhante ao registado no trimestre anterior e 1,9% acima (perto de 91 mil pessoas) do que tinha sido registado no trimestre homólogo.

O aumento do emprego face a 2021 ficou a dever-se aos acréscimos verificados nas mulheres (com mais 57,3 mil pessoas empregadas); nas pessoas dos 45 aos 54 anos (mais 35 mil pessoas) e com ensino superior (mais 119,6 mil).

O sector dos serviços foi o que registou o aumento mais assinalável (mais 105,6 mil postos de trabalho a que corresponde um aumento de 3%), nomeadamente nas actividades de comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos; transportes e armazenagem; e no alojamento, restauração e similares, “que representou 54,8% da variação do sector”.

O perfil do emprego no segundo trimestre do ano aponta ainda para um aumento de 2,5% e de 1,5% dos trabalhadores com contrato sem termo e a tempo completo, respectivamente.

Um quinto está em teletrabalho

A informação divulgada nesta quarta-feira mostra ainda que um quinto dos trabalhadores portugueses esteve em teletrabalho (trabalharam a partir de casa com recurso a tecnologias da informação e comunicação), fenómeno que teve particular incidência em determinados grupos profissionais.

Assim, a proporção da população empregada em teletrabalho foi 19,6% (o que corresponde a 958,6 mil pessoas). Cerca de 60% pertencia ao grupo profissional dos especialistas das actividades intelectuais e científicas e 75,1% tinha o ensino superior.

Um empregado com uma profissão neste grupo profissional tinha uma probabilidade de estar em teletrabalho superior em oito pontos percentuais face a outros grupos profissionais, assinala o INE. “De igual modo, a probabilidade de um empregado com ensino superior estar em teletrabalho é 11,7 pontos percentuais mais elevada do que para aqueles que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico”, refere o instituto.

O INE alerta que, no segundo trimestre de 2022, o módulo “Trabalho a partir de casa” apresenta algumas alterações relativamente à edição anterior deixando de ser possível a comparação directa das estimativas entre as duas edições.

Foram introduzidas novas variáveis e a população-alvo foi alargada, passando a abarcar todas as pessoas que referiram ter trabalhado a partir de casa no período de referência, independentemente da frequência com que o fizeram.

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