Entre o Orgulho e o Preconceito

A nossa participação em representação do Estado de Israel foi negada pela comissão organizadora da MOL - uma péssima decisão, porque não representa a Comunidade LGBTI+ mas tão só os dirigentes de uma comissão capturada por uma extrema-esquerda com tiques assustadoramente autocratas.

Em junho, o mundo democrático crente na liberdade e na igualdade celebra o mês do Orgulho LGBTI+.

Em muitos países, este mês é assinalado por uma marcha do orgulho em que muitos cidadãos se reúnem para expressar o seu apoio à comunidade LGBTI+ e à sua justa luta pela igualdade. Portugal não é excepção.

No passado sábado, dia 18, e após dois anos de cancelamentos devidos à pandemia, foi organizada, em Lisboa, a 23.ª edição da MOL (Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa).

“Todas as pessoas estão convidadas a ocupar as ruas de Lisboa. A MOL (Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa) será não só um evento de celebração das conquistas alcançadas, mas também de alerta para aquelas que ainda precisam de ser”, escreveram os organizadores no seu Instagram.

Infelizmente, poucas delegações “formais” participam oficialmente nestas marchas. Essa constitui, aliás, parte da luta pelo reconhecimento institucional dos direitos da comunidade LGBTI+. O Estado de Israel acredita e trabalha para isso quotidiana e oficialmente, mas, para minha surpresa, a nossa participação foi negada pela comissão organizadora da MOL com base em argumentos políticos tão pouco sérios como pouco séria foi a convocatória que dirigiram “a todas as pessoas” no seu Instagram.

Não sei se esta decisão se baseou em ignorância, estupidez ou hipocrisia. O que fica claro é que se trata de uma péssima decisão porque não representa a Comunidade LGBTI+ mas tão somente os dirigentes de uma comissão organizadora capturada por uma extrema-esquerda com tiques assustadoramente autocratas.

E antes que nos atirem com a costumeira pedra do pinkwashing, nós antecipamo-nos a sublinhar que, queiram ou não, Israel é um Estado aberto e democrático que, sob condições difíceis, consegue manter liberdade de expressão, religião e culto para todos, que concede cidadania plena a 20% dos seus residentes árabes e que permite representação adequada para todos em cada uma das suas instituições estatais. Mais, nos últimos 75 anos, Israel tem feito e continuará a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para conseguir a paz com os seus vizinhos.

Ora, se o objectivo da Marcha é reconhecer os direitos da Comunidade LGBTI+, fomentar a inclusão e proporcionar plena igualdade para todos, Israel é um dos principais países do mundo de onde se podem retirar bons exemplos, não só para o Médio Oriente mas para todo o mundo.

Em muitos dos países vizinhos de Israel - e especialmente na Faixa de Gaza - não há Comunidade LGBTI+ por uma razão muito simples: se alguém o assumir será sumariamente punido. Na melhor das hipóteses, com a prisão e na pior com a execução. Israel acolhe estas pessoas.

Em vez de as ajudar a viver em liberdade e em verdade, combatendo as trevas que as privam desse direito, a comissão organizadora da Marcha do Orgulho em Lisboa prefere ater-se a uma agenda anti-sistema que controla uma narrativa de tal modo distorcida que deixa de fora muitos dos membros da comunidade LGBTI+ que devia acolher e apoiar.

Uma Marcha do Orgulho sequestrada na sua essência. Uma Marcha que não mereceu nenhuma notícia nos media tradicionais. Uma Marcha que vetou a participação de outras organizações. Uma Marcha que pode ter sido tudo menos inclusiva.

Posso, contudo, assegurar à comissão organizadora da MOL que vamos continuar a trabalhar com a Comunidade LGBTI+ portuguesa da mesma forma empenhada que trabalhamos com esta Comunidade noutros países. Afinal, há uma razão para a Marcha de Tel Aviv ser uma das maiores do mundo.

Vamos continuar a apoiar esta Comunidade nesta que é uma missão tão importante: a de dar a liberdade de ser a cada um de nós, onde quer que nos encontremos.

Esta, sim, é a voz da democracia que fala do direito à diferença e do direito ao amor.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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