Governo não confirma morte de “mercenários” portugueses na Ucrânia

O Ministério da Defesa russo alega que chegaram à Ucrânia 103 “mercenários” portugueses desde o início da invasão, adiantando que 19 terão morrido.

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Grupo de ex-combatentes que partiram de Vila Nova de Gaia para combater na Ucrânia Paulo Pimenta

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse ter apenas registo de sete cidadãos nacionais que se deslocaram para a Ucrânia “a título de ‘combatente voluntário'” e que nenhum morreu, segundo um comunicado enviado ao PÚBLICO. Em causa estão as informações do Kremlin de que foram eliminados “19 mercenários portugueses” desde o início da invasão da Ucrânia. O comunicado publicado pelo Ministério da Defesa russo mostra a presença de alegados “mercenários e especialistas em armas” de 64 países na Ucrânia que participam nos combates contra as tropas russas.

“Desde o início da operação militar especial, 6956 pessoas chegaram à Ucrânia, 1956 já foram eliminadas e 1779 saíram”, pode ler-se no relatório.

Segundo Moscovo, dos 103 portugueses viajaram para o país em guerra, 19 terão morrido. Dos 84 restantes, 16 abandonaram a Ucrânia e 68 continuam a combater, escreve a Rádio Renascença.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros diz ter apenas o registo de sete cidadãos que se juntaram aos militares ucranianos para combater como voluntários. O ministério recorda que “deverá ser evitada qualquer tipo de deslocação para a Ucrânia”, mas para os cidadãos que tenham de entrar no país aconselha o registo junto do Gabinete de Emergência Consular.

Questionado pelo PÚBLICO, o Ministério da Defesa Nacional não confirmou a informação, uma vez que não se trata de militares portugueses.

Entre os países europeus, a Polónia é o “líder indiscutível” com maior número de “mercenários” – 1831 combatentes – e também a nação que mais baixas sofreu: 378 pessoas morreram e 278 saíram da Ucrânia. A Roménia enviou 504 pessoas e o Reino Unido 422. Da lista faz ainda parte a Bielorrússia, país aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, que surge em quinto lugar com 197 soldados enviados para a Ucrânia, 69 mortos e 59 que, entretanto, saíram do país.

Moscovo também notou a presença de combatentes do Canadá, Estados Unidos, Geórgia e Médio Oriente. “Existem 200 combatentes terroristas redistribuídos pelas regiões sírias controladas pelos EUA. Até o momento, 80 foram eliminados e 66 deixaram a Ucrânia”, revela o Ministério. Na mesma linha, países com o Luxemburgo, Hungria, Japão, Nova Zelândia, Argentina, Venezuela, Azerbaijão, Irão, Chipre ou Cazaquistão enviaram apenas uma pessoa para auxiliar a defesa ucraniana.

O Kremlin adiantou que o número de tropas estrangeiras está a diminuir, acrescentando que muitos estão a sair da Ucrânia tendo em conta “o crescente número de fracassos militares”, assim como a elevadas perdas de soldados e escassez de armas. O Ministério garante que a Ucrânia está a utilizar mercenários desde o início a “operação militar especial”, iniciada pela Rússia no dia 24 de Fevereiro e acrescenta que chegaram ao país cerca de sete mil pessoas. Duas mil já terão sido eliminadas.

A informação surge dias depois das declarações do Papa Francisco que afirmou que a Rússia está a utilizar mercenários na invasão da Ucrânia. Em Abril, a autoridade europeia revelou que cerca de 20 mil mercenários do grupo Wagner estavam na Ucrânia a combater com o Exército de Moscovo.

Na semana passada, os separatistas pró-russos na região de Donetsk, no Leste da Ucrânia, condenaram à morte dois cidadãos britânicos e um marroquino que combatiam com a defesa ucraniana em Mariupol acusando-os de “terrorismo” e “actividades mercenárias”.

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