Portugal importou um quinto da electricidade desde o início do ano

Consumo de gás natural caiu entre Janeiro e Abril, período em que as renováveis abasteceram metade do consumo.

Foto
As condições para a produção hidroeléctrica mantêm-se muito abaixo da média histórica Miguel Manso

O consumo de energia eléctrica aumentou 7,1% em Abril, mês em que 19% do consumo foi abastecido por importações. Entre Janeiro e Abril, o peso das importações foi de 20%.

Segundo os dados divulgados esta terça-feira pela REN, no mês passado “manteve-se um regime hidroeléctrico seco”, com afluências de recursos hídricos às barragens que são “de cerca de metade dos valores normais para esta altura do ano”, correspondendo a um índice de produtibilidade de 0,49, quando a média histórica é igual a um.

As condições foram mais favoráveis para a produção de energia eólica e fotovoltaica, com os respectivos índices a ficarem acima da média histórica, nos 1,08 (eólica) e 1,10 (solar). Assim, a produção renovável abasteceu 54% do consumo, a não-renovável garantiu 27% e “os restantes 19% foram abastecidos com recurso a energia importada”.

No final dos quatro primeiros meses do ano, o consumo cresceu 2,6%, mas, neste período, só as condições de produção solar ficaram acima da média histórica (1,06). O índice de produtibilidade hidroeléctrica ficou-se pelos 0,34 e o de produtibilidade eólica foi de 0,96.

Entre Janeiro e Fevereiro, a produção renovável abasteceu “50% do consumo, repartida pela eólica, com 28%, hidroeléctrica, com 12%, biomassa, com 6%, e fotovoltaica, com 4%”.

A fotovoltaica continua a ser a tecnologia menos representativa no sistema energético nacional, mas continua a apresentar crescimentos muito elevados: foi de 73% face ao mesmo período do ano anterior. A produção a gás natural abasteceu 30% do consumo, enquanto “os restantes 20% corresponderam ao saldo importador”.

Quanto ao consumo de gás desde o começo do ano, o consumo acumulado anual “registou uma ligeira quebra de 0,5%”, já que o crescimento de 66% no segmento de produção de energia eléctrica não foi “suficiente para compensar a contracção de 23% no segmento convencional”. Uma evolução que parece reflectir o comportamento de várias indústrias com consumos intensivos de gás em que as empresas optaram por parar ou reduzir a produção para mitigar a subida de preços.

Olhando a Abril, o consumo de gás natural caiu 19% em termos homólogos, “com recuos tanto no segmento convencional (menos 21%), em linha com o que se tem verificado nos meses anteriores, como no segmento de produção de energia eléctrica (menos 16%)”.

Neste caso específico da produção eléctrica, a quebra de consumo vem contrariar “a tendência dos últimos meses”, assinala a REN.

O abastecimento de gás em Portugal foi efectuado “quase integralmente a partir do terminal de GNL [gás natural liquefeito] de Sines, mantendo-se exportações através da interligação com Espanha, que representaram, este mês, cerca de 8% do consumo nacional”.

Sugerir correcção
Comentar