Nuno Melo aponta “total diferença” do CDS relativamente ao Programa do Governo

Líder do CDS diz que a perda de representação parlamentar do partido “é conjuntural”.

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Líder do CDS, Nuno Melo, foi recebido pelo Presidente da República LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O recém-eleito presidente do CDS-PP, Nuno Melo, assinalou esta segunda-feira “uma total diferença” entre a visão do partido para o país e o Programa do Governo e o Orçamento do Estado, reafirmando que o CDS está focado em voltar ao Parlamento.

“Há uma total diferença entre aquilo que neste momento está a ser discutido, no que tem que ver com o programa do Governo e até do ponto de vista orçamental, e o que o CDS é”, afirmou Nuno Melo, considerando que o modelo seguido pelo executivo de António Costa se traduz em “mais Estado”.

O eurodeputado centrista sustentou que, “desde 2015, Portugal atingiu um valor recorde de funcionários públicos”, em “valor absoluto, o que é relevante quando a inflação aumenta, Portugal atinge valores recorde de dívida, acima dos 174 mil milhões de euros” e em termos de despesa para este ano está previsto que se situe “acima dos 100 mil milhões de euros”.

“Sendo que, para suportar tudo isto, este Estado, que é um Estado sobredimensionado, também tem um valor recorde da carga tributária, próximo dos 35%”, acrescentou, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República.

Salientando que “o CDS é o oposto disso”, o eurodeputado disse que enquanto “o Governo e os socialismos apostam em mais Estado”, o seu partido defende “mais empresas”, que são “quem gera riqueza e cria emprego”.

O presidente do CDS-PP lamentou igualmente que o Plano de Recuperação e Resiliência seja “direccionado para a dimensão pública ao ponto de não estar sequer sob a tutela [do ministério] da Economia”, em vez de “ajudar empresas que têm de conviver com esta inflação, com o aumento da taxa de juro ou o preço dos combustíveis que já não conseguem pagar”.

O Governo esteve reunido durante a manhã com os partidos com representação parlamentar para apresentar as linhas gerais da proposta de Orçamento do Estado para este ano, que será entregue pelo executivo na Assembleia da República quarta-feira.

Nuno Melo realçou, por outro lado, que “o primeiro-ministro tem como primeira medida mais emblemática do seu Governo no que tem que ver com o preço dos combustíveis a aceitação de uma sugestão” sua, nomeadamente “a compensação daquilo que são valores absurdos do IVA com uma descida do ISP”.

A nova direcção do CDS-PP, eleita no dia 3 de Abril, foi hoje recebida no Palácio de Belém pelo Presidente da República, numa audiência que durou cerca de uma hora e que Nuno Melo espera que “possa ser uma de muitas”.

No final da audiência, Nuno Melo salientou o “significado político, que é óbvio, que o CDS não é um partido qualquer, é um partido estruturante do regime democrático, que o ajudou a fundar” e que “faz muita falta a Portugal”, e considerou que a perda de representação parlamentar “é conjuntural”.

“Trataremos de dar ao CDS as condições para que nos próximos dois anos o partido possa estar preparado para todos os desafios eleitorais”, nomeadamente “eleições regionais, autárquicas, europeias e eleições legislativas”, indicou. E defendeu que, apesar de não estar no Parlamento, a voz do CDS “não deixa por isso de ser relevante” e deve fazer-se ouvir”.

O eurodeputado afirmou então que o CDS tem o “foco na Assembleia da República” porque quer voltar eleger deputados e espera “melhores dias” para o espaço político do centro-direita. “Até lá seremos um partido que fora dará certamente um grande contributo à nossa democracia e será muito visível”, salientou Nuno Melo.

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