Orquestra de Toulouse apoia maestro russo Tugan Sokhiev, que se demitiu no início da guerra

Vaga de boicotes culturais e tomadas de posição sobre a guerra fê-lo sentir-se pressionado a escolher “uma tradição cultural em detrimento de outra”. Músicos querem ver o maestro de volta.

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Tugan Sokhiev dirige a Filarmónica de Berlim em 2019 CLEMENS BILAN/EPA

O maestro russo Tugan Sokhiev demitiu-se das suas funções de director musical do Teatro Bolshoi em Moscovo e da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse, no final de Fevereiro, sob pressão perante a invasão russa da Ucrânia. Na altura, a vaga de boicotes culturais e tomadas de posição sobre a guerra fê-lo sentir-se pressionado a escolher “uma tradição cultural em detrimento de outra”. “Serei sempre contra qualquer conflito qualquer que seja a forma que tenha”, disse na altura. Agora, a orquestra francesa saiu em sua defesa e demonstrou o seu apoio no início de um concerto na cidade, na sexta-feira.

A Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse manifestou publicamente seu apoio ao maestro que, desde 2008, era o seu director musical da formação e, num comunicado, resumiu a sua posição: “Os músicos da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse estão profundamente entristecidos com a demissão do seu director musical, mas ainda mais com a intimação que é feita aos artistas russos para que justifiquem [as suas posições] — eles que são, como todos os seus compatriotas, reféns de um regime totalitário e de uma política pela qual não podem ser responsabilizados”.

A nota é citada no jornal local La Dépêche du Midi, por seu turno reproduzida pelo diário francês Le Figaro. “Hoje cabe-nos erguer solenemente contra tamanha derrota do pensamento”, acrescentaram na ocasião de uma homenagem a Maurice Ravel, que em 1916 se opôs ao boicote à música alemã. Mais: os músicos querem voltar a ver Tugan Sokhiev no lugar de maestro assim que possível.

No concerto de sexta-feira, Sokhiev foi substituído por Fuad Ibrahimov. A autarquia de Toulouse, responsável pelo corpo musical, interpelou o maestro russo no final de Fevereiro sobre a sua posição perante a guerra. Na sequência dessa reunião, o maestro apresentou a sua demissão.

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