Mais um turno pedido ao “bombeiro” Veríssimo

O treinador que orientava a equipa B do Benfica foi novamente chamado a “apagar um fogo” e fazer um “turno” que não era seu. Desta vez, terá mais tempo para trabalhar, um cenário semelhante ao que lançou Bruno Lage para o estrelato em 2018-19.

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LUSA/HUGO DELGADO
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O Benfica é, por estes dias, uma casa a arder. O treinador Jorge Jesus foi contestado com lenços brancos, mas manteve-se ao leme. Depois, os “encarnados” perderam de forma clara com o FC Porto, caíram na Taça de Portugal, mas Jesus, que esteve na porta da saída, continuou em funções.

Pelo meio, houve um “triângulo amoroso” entre o técnico, o Benfica e o Flamengo – novela que nem “encarnados” nem Jesus souberam conduzir publicamente. Por fim, o treinador foi contestado pelos próprios jogadores e, nesta terça-feira, todos estes pequenos fogos levaram a um incêndio de grandes dimensões: Jesus já não é treinador do Benfica e o clube fica à deriva a poucos dias de um novo clássico com os “dragões”, desta vez para a I Liga.

Quem vai apagar este incêndio? O “bombeiro” Veríssimo, claro está. À boa moda do que foram no passado Mário Wilson, Toni, Shéu Han ou Fernando Chalana, Nélson Veríssimo está a tornar-se o “bombeiro” do Benfica na segunda década do século XXI.

Depois de ter assegurado a sucessão de Bruno Lage, em 2020, o técnico da equipa B tem agora a missão de comandar o pós-Jesus. Na primeira empreitada, o trabalho foi relativamente curto: Lage foi despedido perto do final da temporada e Veríssimo acabou por dirigir a equipa em seis jogos, tendo vencido quatro, empatado um e perdido outro.

A derrota sofrida foi precisamente frente ao… FC Porto. Na altura, deixou escapar a Taça de Portugal para os portistas numa partida em que jogou mais de 50 minutos em superioridade numérica.

Desta vez, a missão é bem diferente. O Benfica chamou-o para ser o treinador até ao final da temporada – e também isso poderá ser visto como uma surpresa –, pelo que os meses que ainda faltam até Junho dão plena oportunidade a Veríssimo para impor as suas ideias.

São cerca de cinco meses de trabalho, com várias competições para mostrar o que sabe: oitavos-de-final da Liga dos Campeões, final four da Taça da Liga e título nacional como objectivo perfeitamente alcançável.

Para o futuro, não é difícil traçar o que espera Veríssimo. Se for campeão – sobretudo juntando a isso a Taça da Liga ou um bom desempenho na Champions –, possivelmente “compra” o bilhete para um contrato definitivo para 2022-23. Tal como Bruno Lage, o técnico poderá colher os frutos de um possível título após uma recuperação de quatro pontos (Lage recuperou sete).

Por outro lado, se vacilar nestes objectivos, o mais provável é Veríssimo voltar à equipa B no próximo Verão e assistir à chegada de um novo treinador.

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Outro dos cenários fáceis de traçar com esta aposta em Veríssimo é o espaço para jovens jogadores da formação. Tal como fez Bruno Lage quando lhe foi entregue a equipa, em 2018-19, Nélson Veríssimo terá tempo de trabalho suficiente para fazer uma aposta consolidada nos jovens em quem mais confia. E sabe-se como Lage colheu – e ainda colhe – os frutos da aposta em João Félix.

No caso de Paulo Bernardo é fácil prever que tenha mais espaço como primeira alternativa a João Mário. Tomás Araújo tem, pela lesão de Lucas Veríssimo, oportunidade de ser a primeira opção para o trio de centrais (assim se mantenha o sistema de jogo), algo que não aconteceu com Jesus.

Por fim, quem mais esfregará as mãos nesta altura deverá mesmo ser Gonçalo Ramos. Foi com Nélson Veríssimo que se tornou um goleador tremendo na II Liga, pelo que o próprio treinador terá, em tese, todo o interesse em ver o que lhe dará o internacional sub-21 neste novo patamar, ainda que a concorrência directa, com Darwin, Yaremchuk, Seferovic e Rodrigo Pinho (a recuperar de lesão), seja muito apertada.

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