A primeira decisão de Lage: “Meter o miúdo João Félix a jogar”

Numa conversa com jornalistas no centro de estágio dos “encarnados”, o técnico falou sobre o futuro de João Félix e disse qual foi o jogador adversário que mais o impressionou.

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Rui Gaudêncio

Recostado na cadeira, de pernas esticadas e pés sobrepostos, Bruno Lage retirou os filtros - não foi acompanhado pelo director de comunicação - e falou do Benfica, nesta quinta-feira, numa conversa com um grupo de jornalistas, no Seixal.

A primeira coisa de que falou foi sobre a primeira decisão que tomou. “A primeira coisa que pensei, quando entrei no carro [após a chamada de Luís Filipe Vieira], foi ‘se quero mudar algo, é a jogar em 4-4-2. E meter o miúdo [João Félix] a jogar’. Pensei logo nisso mal entrei no carro”.

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O técnico que garantiu a conquista do 37.º título nacional para o Benfica aproveitou para recordar o momento em que soube que seria treinador do Benfica. “Foi um dia de trabalho normal e à noite, já em casa, recebi uma chamada para voltar ao Seixal”, relembrou, assumindo: “Num primeiro momento não aconteceu e, num segundo momento, depois do Ano Novo, já não estava à espera de ser chamado”.

Lage evitou falar do antecessor, Rui Vitória, sobretudo quando foi questionado sobre a pesada herança dos sete pontos de desvantagem, mas acabou por disparar alguns elogios. “Quando entrei, a equipa tinha acabado de perder um excelente treinador e um excelente homem”, definiu, garantindo que, desde Janeiro, não mais falou com o colega de profissão.

O futuro de Félix e os elogios a Herrera

Foi dada liberdade aos jornalistas para gerirem a conversa e liberdade ao treinador para responder o que bem entendesse. Perante a descontracção, acabou por surgir o “espicaçar” de Lage, questionado sobre que jogador adversário mais o impressionou. 

“Eu gosto muito de médios”, começou por dizer. E concretizou: “O Herrera, do FC Porto, faz tudo. Constrói, cria, marca, pressiona, corre 90 minutos. O que mais me impressiona é que dá uma dimensão muito grande ao FC Porto. Deve ser um enorme líder. No jogo no Dragão, a minha preocupação era onde é o que Sérgio Conceição ia colocar o Herrera. Foi o jogador que mais me impressionou”.

Depois de Herrera, a conversa voltou a João Félix, convocado, nesta quinta-feira, para a Liga das Nações. “Deve sair já neste Verão?”, perguntaram os jornalistas. É melhor não, respondeu Lage. 

“Ao João podia fazer bem ter um ou mais anos aqui, para consolidar esta meia época fantástica e consolidar-se, também, na selecção nacional. Depois, com outra maturidade, poder dar um passo ainda maior na carreira”, afirmou, sublinhando a aposta do Benfica na formação: “Há dois ou três jogadores da equipa B que vão fazer a pré-época”.

O dedo de Lage na equipa

Numa fase mais “morna” da conversa, Lage “abriu as portas” da equipa e falou do que considera ser o bom futebol.

“Às vezes, pensamos que uma equipa que joga bem é aquela que sai a jogar desde trás, com a bola a passar pelos defesas, pelos médios, etc. Mas isso é um erro. Nós temos é de olhar para os jogadores e perceber para onde é que os podemos levar”, disse, sobre o estilo de jogo adoptado, indo ao detalhe sobre o Benfica.

“Temos de potenciar ao máximo os nossos ‘cavalos de corrida’ como o Rafa, o Félix, o Seferovic, o Pizzi, o Grimaldo ou o Almeida. Travar a vertigem daqueles jogadores e dizer-lhes ‘calma, temos de fazer passes’ é tirar-lhes o que eles sabem fazer. O jogo deles não é de posse, é de acelerar, ir para cima e um contra um”, explicou.

Além dos detalhes tácticos, Bruno Lage não fugiu aos individuais. Seferovic foi um dos “alvos”. “O Seferovic é muito importante para a equipa, até pelo que dá no processo defensivo. A dada altura, disse-lhe que o golo poderia não aparecer, mas ele não poderia deixar de correr”.

O outro “alvo” de Lage foi... Lage. O técnico falou das próprias lacunas: “Pensei que a comunicação era uma lacuna minha e era esse o meu maior receio. Por isso, meti na cabeça de que teria de ser aquilo que sou”.

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