Veríssimo fará a ponte entre o presente e o futuro do Benfica

O até agora adjunto de Bruno Lage orientou o treino de ontem e deverá fazer o mesmo na sessão de hoje, com o jogo com o Boavista no horizonte. Oposição a Luís Filipe Vieira intensifica-se, com eleições à vista.

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O tempo é de reflexão no Estádio da Luz, mas também de urgência. A saída de Bruno Lage, cujos termos já começaram a ser negociados, abre a porta a um novo capítulo na vida desportiva do Benfica, com a pressão imposta pelo descontentamento dos adeptos e pela sobrecarga do calendário. Para já, a solução para o presente (e o presente é a gestão do dia-a-dia) da equipa principal chama-se Nélson Veríssimo, um (até agora) adjunto com a missão de fazer a ponte para o futuro próximo.

Marco Silva, Leonardo Jardim, Mauricio Pochettino... Enquanto a shortlist de opções para o banco do Benfica não é reduzida a um único nome, há que recuperar o plantel para o embate com o Boavista, agendado para sábado. Ontem, foi Veríssimo quem orientou uma sessão com os jogadores que não tinham sido convocados para o jogo com o Marítimo - os restantes fizeram apenas trabalho de recuperação. Hoje, o até agora adjunto de Bruno Lage deverá retomar as rédeas do treino. 

Tudo porque Luís Filipe Vieira aceitou o pedido do treinador que se sagrou campeão na época passada, com um registo impressionante, para abandonar o barco. Lage colocou o lugar à disposição e o presidente do Benfica concordou que não estavam reunidas as condições para continuar, depois de uma surpreendente derrota no Funchal (2-0) que contribuiu para agravar uma das séries mais negras da história das “águias”: duas vitórias apenas nas últimas 13 partidas.

As negociações para a desvinculação de Bruno Lage começaram ontem e o clube confirmou os prepativos para a saída através de um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “A Sport Lisboa e Benfica - Futebol, SAD informa, nos termos e para o efeito do disposto no artigo 248.º-A do Código dos Valores Mobiliários, que está a negociar um princípio de acordo com o treinador Bruno Miguel Silva do Nascimento (Bruno Lage) para a rescisão do contrato de trabalho desportivo com efeitos imediatos”.

Com contrato válido até 2023, depois da prorrogração anunciada em Dezembro passado, o técnico setubalense terá de chegar a acordo com o clube quanto ao valor da indemnização, mas a saída de Bruno Lage é já um dado adquirido e assumido pela direcção.

Ontem, Lage chegou ao centro de treinos do Seixal pelas 11h e abandonou as instalações, em viatura própria, pouco depois das 16h, sensivelmente na altura em que arrancou o treino vespertino. 

Nem antes, nem depois da “visita” do treinador a direcção do Benfica se pronunciou sobre a gestão do dossier, tendo inclusive ficado por esclarecer a frase proferida por Luís Filipe Vieira, ainda no Estádio do Marítimo. “Nunca verguei a nada. Espero quando chegar a Lisboa tomar uma decisão sem vergar a nada. Vou tomar uma decisão, mas primeiro quero falar com a minha família.” 

Esta posição, relativamente vaga, do presidente dos “encarnados” levou a algumas reacções, nomeadamente dos (mais do que prováveis) candidatos à presidência do clube, que irá a eleições em Outubro. 

“[Luís Filipe Vieira] Não se pode refugiar em declarações equívocas, como ontem [anteontem], em que o presidente diz uma coisa e o treinador diz outra. Aquela declaração do presidente do Benfica é uma completa falácia nos termos e nas conclusões. Se ele é o responsável por aquilo tudo, demitir-se-ia? Quanto muito convocaria novas eleições. Convoque eleições agora ou em Outubro, eu irei a eleições”, prometeu Rui Gomes da Silva, em declarações prestadas à TSF.

Bruno Costa Carvalho, através das redes sociais, também deixou claro que é imperioso encontrar um caminho de fuga à crise. “Entendo e compreendo a grande insatisfação dos benfiquistas com a actual situação que vivemos. Também ficou bem claro que o chumbo do orçamento foi um reflexo desse descontentamento que ontem [anteontem] ainda se agravou mais. No entanto, não é suficiente apontar os erros. É absolutamente crucial apontar o caminho do futuro.”

Até ver, e enquanto não forem fechados os termos da saída de Bruno Lage, o presente da equipa principal fica nas mãos de Nélson Veríssimo. O antigo defesa central, que vestiu a camisola dos “encarnados” de 1989 a 1996, desempenhou sempre as funções de adjunto desde que integrou os quadros técnicos da formação do clube, em 2012. Agora, tem uma missão de urgência para desempenhar na equipa principal. Pelo menos de curto prazo.

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