MP desconhece “grau de envolvimento” de clubes e empresas em “esquema” de César Boaventura

Sporting e Benfica já garantiram que não são arguidos nem visados na investigação, que procura apurar a eventual prática dos crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento.

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César Boaventura foi detido esta quarta-feira Andre Rodrigues

A investigação realizada no âmbito da “Operação Malapata” assume desconhecer “até ao momento o grau de envolvimento” dos clubes desportivos e das sociedades, alvo de buscas na quarta-feira, “no esquema liderado” pelo empresário César Boaventura.

A informação consta do auto de buscas do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, no qual estão descritas várias empresas (incluindo uma têxtil e outra de construções metalomecânicas), quase todas localizadas na região Norte do país, diversos contabilistas, Benfica e Sporting e respectivas SAD - Sociedade Anónima Desportiva, mas os clubes já garantiram que não são arguidos nem visados na investigação, que procura apurar a eventual prática dos crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou três detenções, entre as quais a de um empresário do sector metalúrgico e a de outro ligado à actividade desportiva, (César Boaventura), e a realização de 28 buscas domiciliárias e não domiciliárias nos concelhos de Barcelos, de Braga, de Esposende, da Trofa, de Vila Nova de Famalicão, no Funchal, em Benavente e em Lisboa.

O auto de buscas do DIAP do Porto, noticiado na quarta-feira pela edição online do Expresso, e a que a agência Lusa teve acesso nesta quinta-feira, refere que “se desconhece até ao momento o grau de envolvimento dos clubes e sociedades referidas neste esquema liderado pelo suspeito César Boaventura”.

O documento determina ainda a apreensão, caso seja relevante para a investigação, de documentação, de computadores, de suportes informáticos e de telemóveis pertencentes ou utilizados pelos suspeitos.

No comunicado divulgado na quarta-feira, a PJ explica que foram, até ao momento, identificados movimentos financeiros, em diversas plataformas, num montante superior a 70 milhões de euros.

“Através do exercício de actividade comercial fictícia de sociedades geridas pelos suspeitos, assim como de correspondentes contas bancárias tituladas por terceiros (pessoas individuais e colectivas), em território nacional e no estrangeiro, aqueles lograram criar um intrincado esquema de facturação/movimentação financeira que ofereciam tanto como veículo de branqueamento para terceiros, prestando assim esse serviço ilícito pelo qual seriam remunerados, como para ocultação dos proveitos gerados da própria actividade legítima dos próprios e de terceiros, nos sectores indicados”, explica esta polícia de investigação criminal.

Segundo a PJ, a vantagem patrimonial estimada em sede fiscal, associada ao principal visado (César Boaventura), atinge o montante de 1,5 milhões de euros, “apenas com base em elementos já confirmados”.

A “Operação Malapata” foi realizada no âmbito de um inquérito titulado pelo Ministério Público (MP) no DIAP do Porto, com a participação da Autoridade Tributária e Aduaneira - Direcção de Finanças do Porto.

No decurso da operação policial, foi apreendida “documentação diversa” relativa à prática dos factos, além de viaturas automóveis e material informático.

Os três detidos devem ser presentes a tribunal esta quinta-feira para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.

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