Enquanto a tragédia atinge os migrantes no canal da Mancha, outros grupos chegam ao destino

A França diz que está a trabalhar arduamente para impedir as travessias ilegais no canal da Mancha, que separa a Europa continental da Grã-Bretanha, mas não foi possível parar um grupo de mais de 40 pessoas, incluindo seis crianças.

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Reuters/HENRY NICHOLLS

Abrigados do frio com gorros pretos de lã e casacos volumosos, alguns com coletes salva-vidas vermelhos, os migrantes transportaram o bote de borracha sobre os ombros debaixo de um céu estrelado de Novembro, atravessando as dunas em direcção à praia.

A França diz que está a trabalhar arduamente para impedir as travessias ilegais no canal da Mancha, que separa a Europa continental da Grã-Bretanha, mas não foi possível parar o grupo de mais de 40 pessoas, incluindo seis crianças, que deixou o país perto de Wimereux, no Norte de França, ao amanhecer desta quarta-feira.

Em frente, águas geladas e algumas das rotas marítimas mais movimentadas do mundo. Na quarta-feira, 27 pessoas afogaram-se ao largo da costa do Norte de França quando o bote virou naquele que foi o pior desastre de que há registo envolvendo migrantes no canal da Mancha. Nesse mesmo dia, mais tarde, a Reuters acompanhou o grupo que partiu de perto de Wimereux durante o resgate em terra, no Sul de Inglaterra, por socorristas.

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O grupo começou a travessia para a Grã-Bretanha pouco depois do amanhecer. Cerca de 15 homens carregaram o bote, caminhando em direcção ao mar. Seguiram-se-lhes as famílias, com os seus filhos. Atrás delas, homens empurraram o motor fora de borda.

Um homem segurou um rapaz pela mão. Outros dois levavam crianças mais pequenas nos ombros, enquanto as mulheres carregavam os pertences.

Uma carrinha da polícia francesa dirigiu-se para o grupo, acendeu as luzes e rodeou os migrantes numa aparente tentativa de bloquear o caminho para o mar.

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Uma mulher que levava ao colo uma criança pequena pôs-se em frente do veículo e gritou. O veículo parou. Pouco depois, partiu para patrulhar outra parte da praia.

Sem a polícia por perto, os migrantes arrastaram-se até à costa, puseram as crianças no bote e empurraram-no para o mar. Enquanto uma mulher entrava na água fria e cortante, confirmou para onde se dirigiam: “Go UK”, gritou à Reuters, antes de balançar um saco de plástico contendo pertences, que segurava na cabeça para o manter seco.

Com a água pela cintura, mais pessoas se foram içando para o bote, ajudadas por aqueles que já estavam a bordo. Finalmente, o pequeno barco estava cheio. Alguns dos migrantes acenaram ao saírem da linha de costa.

Horas depois, chegaram a Dungeness, guiados por um barco de salvamento.

Um polícia fronteiriço ajudou uma pequena criança com um distinto casaco com padrão tartan, visto anteriormente em França. A criança deliciava-se com um doce enquanto caminhava lentamente pela praia.

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