Covid-19: promotores querem fim da obrigatoriedade de lugares sentados em espectáculos

Álvaro Covões, da Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos, acusa o Governo de privar os agentes da sua principal fonte de rendimentos, os concertos para multidões e os grandes festivais.

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Desde o início da pandemia que não há grandes festivais em Portugal PAULO PIMENTA

A Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE) defendeu esta sexta-feira o fim da obrigatoriedade de lugares sentados em espectáculos culturais, perante o alargamento da lotação dos recintos para 75% anunciado pelo Governo.

“A nossa expectativa é que agora, na norma, desapareça a obrigatoriedade de lugares sentados. Quando o Governo determina 75% da lotação, é 75% da lotação, independentemente da tipologia, se é plateia em pé ou plateia sentada”, disse à Lusa o promotor Álvaro Covões, da direcção da APEFE.

O Governo, reunido esta sexta-feira em Conselho de Ministros extraordinário, decidiu que os espectáculos culturais vão passar a poder ter uma lotação de 75% nos recintos onde se realizam, quando até aqui era 66%.

A medida entra em vigor na segunda-feira, antecipando-se a segunda fase do plano de desconfinamento, uma vez que já foi atingida a meta de vacinação de 70% da população.

Segundo o Governo, mantém-se a limitação horária até às 2h em todo o território e a exigência de certificado de vacinação ou teste negativo à covid-19 em eventos culturais com mais de mil pessoas (em ambiente aberto) ou 500 pessoas (em recinto fechado).

Para Álvaro Covões, não faz sentido que os promotores continuem obrigados a realizar espectáculos para plateia sentada.

“As salas têm uma lotação legal, licenciada, com plateia em pé e com plateia sentada”, disse o promotor, considerando que a decisão desta sexta-feira só fará diferença para o sector se “a Direcção-Geral da Saúde (DGS) cumprir o que o Governo determinou”.

A 5 de Agosto, dias depois de ter sido autorizada a subida da lotação dos eventos de 50% para 66%, a DGS actualizava a norma sobre procedimentos para a utilização de equipamentos culturais e estipulava a ocupação em lugares sentados.

Há vários meses que a APEFE e outras associações do sector apelam, entre outras medidas, a um alargamento a 100% da lotação das salas de espectáculo, e sem marcação de lugar para quem tiver certificado digital ou teste antigénio negativo válido.

Segundo Álvaro Covões, tem havido diálogo das associações do sector com a DGS e o Governo, mas a tutela peca pela demora nas respostas. Dá o exemplo dos resultados dos eventos-piloto realizados em Abril e Maio, que ainda não foram divulgados publicamente.

“Até nos está a criar um problema, sob o ponto de vista económico, grave, porque a percepção pública, inclusivamente do Ministério da Economia, que controla os apoios à economia, é de que já estamos a trabalhar, com dois terços da lotação. É mentira, porque 80% da nossa actividade económica, os grandes festivais, os grandes espectáculos, é tudo em pé. Estamos proibidos de trabalhar”, insiste Álvaro Covões.

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