Nasceu a União Negra das Artes, para defender os interesses “da negritude no sector cultural”

Formada em Abril, a UNA tem agora presença pública e um site. O objectivo é contrariar as “assimetrias profundas” que dificultam a criação, a fruição, o acesso, a produção e a programação” de artistas negros em Portugal.

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Aurora Negra, espectáculo das actrizes e criadoras Isabél Zuaa, Cléo Diara, Nádia Yracema DR

Criada em Abril para dar corpo e voz às preocupações e às reivindicações dos artistas negros a trabalhar em Portugal, a UNA –​ União Negra das Artes oficializou a sua existência no passado sábado, através de um sitehttps://uniaonegradasartes.pt, onde é possível encontrar a lista de profissionais de várias áreas da cultura (da representação à escrita e às artes visuais, passando pela produção, pelo activismo ou pela educação) que compõem a equipa desta nova organização. A ideia, segundo um comunicado enviado às redacções, é “defender os interesses específicos da negritude no sector cultural, tendo em conta as continuidades históricas do racismo colonial que, até hoje, mantém assimetrias profundas que dificultam a criação, a fruição, o acesso, a produção, a programação e, consequentemente, a representatividade negra no sector artístico em Portugal”.

Entre os 33 membros da equipa da união listados no site oficial incluem-se nomes como os de Isabél Zuaa, Cléo Diara e Nádia Yracema, criadoras do espectáculo Aurora Negra, as actrizes e apresentadoras Ana Sofia Martins e Cláudia Semedo, o sociólogo digital e artista Rodrigo Ribeiro Saturnino, ou ROD, o actor Welket Bungué, bem como a poeta e performer Raquel Lima, a coreógrafa e bailarina Piny, a escritora e artista Gisela Casimiro, ou a produtora e agente Ana Tica.

Ainda segundo a informação disponível no site, a UNA pretende desencadear um auto-mapeamento dos artistas e das pessoas negras que trabalham na cultura em Portugal, convidando-os a juntarem-se à organização, pois “a associação de pessoas negras é essencial para a construção do projecto político” desta união, que pretende ser um “espaço aberto”. 

Desde a sua constituição, em Abril, a UNA já teve reuniões com a Direcção-Geral das Artes (DGArtes), cujo programa de apoio a projectos de 2021 traz uma novidade: um subcritério de avaliação que valoriza a “inclusão nas equipas de elementos que representem a diversidade étnico-racial, designadamente de afro-descendentes”. A “diversidade étnico-racial e o diálogo intercultural” figuram agora também entre os desígnios de interesse público que a DGArtes visa fomentar nos seus programas de apoio.

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