Covid-19: promotores de espetáculos dão o Verão por perdido e apelam ao Governo para aliviar restrições

A associação que reúne os empresários do sector quer salas de espectáculos com lotação plena, liberalização de horários e reforço do programa de apoio aos trabalhadores da cultura.

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Paulo Pimenta

A Associação Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE) apelou esta quarta-feira ao primeiro-ministro para que alivie as restrições no acesso à Cultura, de modo a que possam programar nos próximos meses, porque “o verão já está perdido”.

O apelo, com quatro medidas de carácter urgente, foi feito numa carta enviada a António Costa e divulgada aos jornalistas, nas vésperas de uma nova reunião do Conselho de Ministros e um dia depois de o Governo ter reunido com peritos, no Infarmed, em Lisboa, para analisar a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal.

As quatro medidas pedidas pela associação são o alargamento da lotação das salas de espectáculo a 100%, e sem marcação de lugar para quem tiver certificado digital ou teste antigénio negativo válido, liberalização de horários e reforço do programa de apoio aos trabalhadores de teatro, música, dança e outras actividades artísticas e literárias.

Num novo esforço para sensibilizar o Governo, os promotores de espectáculos consideram que a próxima reunião de Conselho de Ministros “pode marcar a viragem para a economia, e nomeadamente para o sector da Cultura”, e “para aqueles que não têm ou praticamente não têm actividade desde Março de 2020”.

Os promotores alertam ainda para a necessidade de estas serem “tomadas agora”, porque continua a existir “uma situação desesperante de falta de trabalho para as empresas e profissionais” do sector.

“Precisamos de um calendário efectivo com as regras que nos permitam trabalhar”, escreveram na carta, lamentando que os resultados dos eventos-piloto não tenham sido ainda tornados públicos, três meses depois de terem acontecido.

Para os promotores, a reabertura plena da actividade cultural é um estímulo para os jovens se vacinarem. “Não é com festivais, bares e discotecas fechados que os convencemos. Eles têm que ter um sinal claro e objectivo das vantagens da vacinação: o acesso à vida normal”, defendeu a APEFE.

Em Junho, numa manifestação realizada em Lisboa, de contestação às restrições impostas, Pedro Magalhães, da direcção da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos, estimava perdas “muito superiores” a 100 milhões de euros, este ano, para as empresas que fornecem equipamentos para eventos culturais.

A Direcção-Geral de Saúde deverá anunciar, nos próximos dias, a recomendação sobre a vacinação contra a covid-19 em jovens dos 12 aos 17 anos, cujo arranque está previsto para 14 de Agosto, embora o processo não seja consensual.

A ministra da Saúde, Marta Temido, já disse que os pareceres preliminares da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 apontam para “uma priorização do grupo etário dos 18 aos 16 anos”, e “uma priorização de vacinação de crianças com co-morbilidades na faixa” entre os 15 e os 12 anos, apesar de ter ressalvado que o Governo está, nesta matéria, preparado para qualquer cenário.

Já o coordenador da task force do plano de vacinação avançou, na última reunião no Infarmed, que a vacinação dos jovens de 16 e 17 anos começa no fim-de-semana de 14 e 15 de Agosto, e que os dois fins-de-semana seguintes estão reservados para os adolescentes dos 12 aos 15 anos. O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo não fez referência a uma limitação aos jovens com co-morbilidades, mas condicionou a operação ao aval da DGS.

Em Portugal, desde o início da pandemia, em Março de 2020, morreram 17.292 pessoas e foram registados 953.059 casos de infecção, segundo a Direcção-Geral da Saúde.

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