Cientistas britânicos alertam que é necessário continuar a usar máscaras

Os investigadores voltam a reafirmar a importância da máscara como resposta ao facto do governo britânico retirar a sua obrigatoriedade. “Se não usarmos máscaras, o vírus vai espalhar-se ainda mais. É tão simples quanto isso”.

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Daniel Rocha

Os cientistas britânicos defendem e aconselham a que se continue a utilizar as máscaras em espaços públicos fechados durante o Verão, como em cafés, restaurantes ou espaços culturais. No Reino Unido, com o aumento contínuo dos casos, as máscaras são fundamentais para que se controle a propagação do vírus, referem.

Esta necessidade de reforçar a importância da utilização das máscaras surgiu depois do governo do Reino Unido ter decidido iniciar o desconfinamento já na próxima segunda-feira, algo que não é consensual, e não obrigar a população a utilizar a protecção facial. Na sexta-feira passada, um grupo de cientistas disse querer “soar o alarme sobre a perigosa resposta do governo britânico ao aumento exponencial das infecções”.

“Se não usarmos máscaras, o vírus vai espalhar-se ainda mais. É tão simples quanto isso”, disse Julian Tang, um virologista clínico da Universidade de Leicester, ao The Guardian. Tang garante que as máscaras claramente limitam a disseminação de partículas virais de uma pessoa infectada e também reduzem a chance de sermos contaminados por outra pessoa. “As máscaras funcionam nos dois sentidos”, disse.

“Se assumirem que uma máscara reduz pela metade a transmissão, isso significa que para cada 1000 partículas de vírus que uma pessoa infectada expira, apenas 500 sairão da máscara. Então, quando essas partículas atingirem outra pessoa, da mesma forma, a máscara vai garantir pelo menos uma redução dupla no número de vírus que podem chegar à boca ou ao nariz. Por outras palavras, das 1000 partículas de vírus da pessoa infectada, apenas 250 ou mais chegarão à outra pessoa. Isto reduz as taxas de infecção e é por isso que as máscaras são importantes”, alerta e exemplifica.

Também Paul Hunter, professor de medicina da Universidade de East Anglia partilha da mesma posição. “A maioria dos estudos é observacional e propensa a todos os tipos de preconceitos, mas, em conjunto, há uma conclusão consistente de que as máscaras têm benefícios tanto para proteger os outros se a pessoa estiver infectada, quanto para proteger o dos outros”, disse também ao The Guardian. “As estimativas variam, mas provavelmente reduzem a transmissão entre 10 e 25%.”

O professor da Universidade da Pensilvânia, Paul Edelstein, sublinha que é preciso que exista uma grande parte da população a aceitar as máscaras. “Uma boa protecção requer que a maioria das pessoas use máscaras. Utilizar máscara numa sala onde estão pessoas infectadas sem máscara provavelmente não oferece grande protecção”, explica. “O uso da máscara deve ser feito pela maioria das pessoas para reduzir as taxas de infecção”, acrescentando que quanto mais camadas e protecção houver, melhor.

Catherine Noakes, professora de Engenharia Ambiental para Edifícios na Universidade de Leeds, disse que as pessoas deveriam perceber que não vai ser necessário usar máscaras para sempre. “Porém, quando a prevalência do vírus está muito alta, como está a acontecer agora, estas são realmente importantes. Quanto mais outras medidas de protecção são retiradas, mais temos que garantir que as medidas que ainda temos estão a funcionar. E encorajar as pessoas a usar máscaras de boa qualidade é uma das mais importantes. ”

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