Bélgica-Itália: o duelo dos invencíveis

Depois de embates complicados nos oitavos-de-final, dois dos favoritos à conquista do título encontram-se nesta sexta-feira em Munique. Nenhum deles perde há bastante tempo.

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Imobille, pronto a carregar sobre a baliza da Bélgica Reuters/STUART FRANKLIN

Uma fase de grupos perfeita não garante passagem segura nos jogos a eliminar. Veja-se o que aconteceu à Holanda, em que as três vitórias em três jogos de nada valeram frente à República Checa. E a Itália, com toda a promessa de uma fase de grupos só com vitórias e sem sofrer golos, precisou de tempo extra (e alguns sustos pelo meio) para bater a Áustria. E o que dizer da Bélgica, n.º 1 do ranking FIFA, entrincheirada na sua área a defender uma vantagem mínima perante a selecção portuguesa? A Holanda já foi para casa, mas Bélgica e Itália, os dois invencíveis que restam, defrontam-se nesta sexta-feira em Munique (20h, SIC) por um lugar nas meias-finais do Euro 2020. E só um deles vai continuar invencível.

Até este confronto na capital da Baviera, ambas as selecções têm um longo registo de invencibilidade. Mais impressionante o da Itália, que já não perde desde 18 de Setembro de 2018 (última derrota foi com Portugal, para a Liga das Nações), para um recorde de 31 jogos sem perder, e apenas um golo sofrido nos últimos 12 (no jogo com os austríacos).

Já esta Bélgica, apenas sofreu uma derrota nos últimos dois anos, em Outubro do ano passado com a Inglaterra (também na Liga das Nações). Depois disso, foram 11 vitórias e dois empates. Mas se contarmos apenas jogos do Europeu, entre qualificação e fase final, Bélgica e Itália estão iguais: 14 vitórias consecutivas.

Essa invencibilidade, mais o que têm mostrado no torneio, faz de Bélgica e Itália dois dos maiores favoritos à conquista do troféu, mas são duas selecções em momentos diferentes.

Os “diabos vermelhos” têm sido consistentemente uma das melhores selecções do mundo, alimentados pelo talento de uma geração de ouro que cresceu junta – Hazard, De Bruyne, Lukaku, entre outros – e que chegou ao topo, mas a quem ainda faltam títulos.

Nenhum deles está a ficar mais novo e o Euro 2020 é uma das últimas oportunidades para ganharem coisas. Já fizeram o seu melhor mundial de sempre em 2018 – terceiro lugar – e ganhar um Europeu seria o seu melhor resultado de sempre, depois de terem sido vice-campeões em 1980, numa final perdida para a República Federal da Alemanha.

Ao contrário da Bélgica, a “squadra azzurra” tem a história (quatro títulos mundiais e um europeu), mas não estava no topo da lista dos favoritos antes de entrar em campo no Europeu. Só que o trabalho de reconstrução operado por Roberto Mancini, após a qualificação falhada para o Mundial 2018, foi tão rápido e tão bom que as expectativas em torno dos “azzurri” passaram a ser estratosféricas.

Ainda com alguns super-veteranos como Chiellini, Bonucci ou Immobile, Mancini extraiu da Série A jogadores que andavam longe da selecção, como Spinazzola, Di Lorenzo ou Locatelli, e acelerou o crescimento de outros em contexto de selecção, como Donnarumma ou Berardi.

Os Robertos

Dois Robertos estarão nesta sexta-feira em confronto a partir do banco. Martínez, o espanhol que fez carreira em Inglaterra, tem feito uma boa gestão dos enormes recursos da Bélgica, mas, para o confronto com os italianos, talvez não possa contar com duas das suas maiores figuras, Eden Hazard e Kevin de Bruyne, que saíram lesionados do jogo com Portugal.

“Vamos tomar a decisão no dia de jogo. Provavelmente não estarão a 100%, mas vamos aproveitar o tempo para que eles fiquem na melhor forma possível”, assinalou o técnico espanhol.

Já Mancini, o Roberto da Itália, garantiu que não vai mudar de estratégia frente aos belgas. “Vamos fazer o nosso jogo, sabendo que vamos defrontar a melhor equipa do mundo nesta altura. Se estão na frente do ranking FIFA há três anos, só pode querer dizer que são muito bons há muito tempo. Mas vamos continuar a jogar à nossa maneira”, acrescentou o técnico italiano.

Com a baliza de Donnarumma sempre na mira estará Romelu Lukaku, um avançado que todos os italianos conhecem bem – o potente avançado belga foi fundamental no título do Inter Milão e eleito o jogador do ano na Série A.

Lukaku já leva três golos marcados neste Europeu, mas terá pela frente homens como Chiellini, que serão a última linha de defesa da baliza dos “azzurri”. Lukaku é um perigo, diz o veterano defesa da Juventus, mas não o único: “Sabemos o que Lukaku pode fazer, mas a Bélgica tem muitos jogadores de qualidade. Vamos estar de olho em todos.”

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