Mais um teste ao renascimento da “squadra azzurra

Depois de uma fase de grupos só com vitórias e sem golos sofridos, a Itália terá pela frente a Áustria nos oitavos-de-final. Quem ganhar, cruza com o vencedor do Bélgica-Portugal.

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Mancini está a um jogo de conseguir um recorde com a selecção italiana LUSA/Riccardo Antimiani / POOL

Todas as manchetes da “Gazzetta dello Sport” nas últimas duas semanas têm sido declarações de amor em fundo rosa à selecção italiana. “És belíssima”, foi uma delas. “Itália faz sonhar”, foi outra. E não é para menos. Esta “squadra azzurra” que Roberto Mancini levou ao Euro 2020 passou pela fase de grupos com três vitórias em três jogos, sete golos marcados e zero sofridos, saltando para o topo da lista dos favoritos a destronar Portugal como campeão europeu. E, claro, é a grande favorita no embate deste sábado, em Wembley (20h, SIC), frente a uma Áustria que nunca tinha chegado tão longe no torneio. Quem sair vencedor em Londres, terá encontro marcado em Munique com quem sair vivo do Bélgica-Portugal deste domingo.

Tem sido um renascimento vertiginoso dos “azzurri”, tendo em conta que, há não muito tempo estava a viver os piores momentos da sua história – falhou o apuramento para o Mundial 2018. Depois desse falhanço inédito, Mancini pegou nos cacos e reconstruiu uma equipa que se mantém invencível desde Setembro de 2018 – a última derrota foi contra Portugal, a 18 de Setembro. Já vai em 30 jogos sem perder, sendo que leva 11 vitórias consecutivas e sem sofrer golos em nenhuma delas. “Perfetta”.

Mais um jogo sem perder e a Itália de Mancini irá ostentar um recorde de invencibilidade para os “azzurri”. Para já, está igualada a marca de Antonio Pozzo, treinador bicampeão mundial e campeão olímpico, entre 1935 e 1939. Mas este recorde de nada interessa a Mancini se não tiver qualquer coisa a acompanhar. “É bom igualar uma lenda como Pozzo, mas ele ganhou coisas mais importantes do que esses 30 jogos”, salientou o seleccionador italiano.

Austríacos contra o recorde

Pronta para quebrar a invencibilidade italiana está a Áustria, que teve uma primeira fase sólida num grupo em que não era um candidato óbvio ao apuramento, com vitórias sobre Ucrânia e Macedónia do Norte e uma derrota frente aos Países Baixos. Este já está a ser o seu melhor Europeu de sempre (nunca tinha passado a fase de grupos nas duas participações anteriores e não conseguiu, sequer, uma vitória), mas a equipa orientada pelo alemão Franco Foda quer continuar a surpreender.

“É a primeira vez que estamos aqui. Por isso é um jogo especial para mim, para a minha equipa técnica, para os jogadores, para todos. Para mim é ainda mais especial porque o meu pai é italiano. Mas os meus pais mudaram-se para a Alemanha há muito tempo e não nos damos muito com os nossos parentes italianos”, contou Foda, um antigo internacional alemão que comanda os destinos da selecção austríaca desde 2018, ele que tem feito praticamente toda a carreira como treinador na Áustria.

O técnico alemão reconhece o favoritismo dos italianos, mas considera que a Áustria terá os seus argumentos. “Somos uma equipa compacta, agressiva na recuperação de bola e com boas individualidades. Somos um outsider, a Itália é favorita neste jogo e para ganhar. Melhoraram com Mancini, estão mais organizados e jogam um futebol positivo. Mas tudo é possível no futebol.”

O favoritismo italiano é grande por todas as razões e, também, pela história. Os números até sugerem algum equilíbrio, com 11 vitórias para a Áustria, 16 para a Itália e oito empates, mas a verdade é que os “azzurri” já não perdem um jogo com os austríacos há 61 anos. E quase todas as vitórias da Áustria neste duelo particular aconteceram no tempo em que era uma das potências do futebol mundial – ganharam sete dos primeiros 12 jogos, até 1934, e só perderam um. O jogo seguinte aconteceu nas meias-finais do Mundial de 1934, que deu 1-0 para a futura campeã Itália. Depois, encontraram-se mais três vezes em fases finais de Mundiais (1978, 1990 e 1998), e a “squadra azzurra” saiu sempre por cima.

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