Altice compra 12% da British Telecom em negócio de 2,5 mil milhões

A compra de 12% da British Telecom dá a Patrick Drahi o estatuto de maior accionista da empresa britânica.

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O fundador da Altice, Patrick Drahi Reuters/Benoit Tessier

O grupo Altice (dono da Altice Portugal) comprou 12,1% da British Telecom (BT Group). O negócio de 2,2 mil milhões de libras (2,5 mil milhões de euros ao câmbio actual) converteu o grupo liderado pelo franco-israelita Patrick Drahi no maior accionista da empresa de telecomunicações britânica.

Segundo a Reuters, o anúncio da Altice levou as acções do grupo britânico de telecomunicações a atingir a maior valorização em 17 meses. A Altice UK, constituída com o objectivo de realizar a operação, esclareceu que não tem intenção de avançar com uma oferta sobre a totalidade do capital da empresa, que até agora tinha a alemã T-Mobile (Deutsche Telekom) como maior accionista.

Em comunicado, este novo braço do grupo Altice garante ter “a administração e a gestão da BT em grande consideração” e diz “apoiar a sua estratégia”.

Já a BT, num outro comunicado, disse ter tomado nota do investimento do grupo de Drahi e do “seu apoio à equipa de gestão e à sua estratégia”.

“Damos as boas-vindas a todos os investidores que reconhecem o valor de longo prazo de um negócio como o nosso e o papel importante que desempenha no Reino Unido”, acrescentou a empresa presidida por Philip Jansen.

A Reuters destaca que a líder britânica de banda larga móvel quer estender a sua rede de fibra a 25 milhões de lares e empresas até 2026, e está à procura de um parceiro para ajudar a financiar esta infra-estruturação.

Grupo tem vindo a reduzir activos em Portugal

A notícia da dispendiosa transacção de Drahi – para quem o elevado endividamento do grupo nunca foi um obstáculo ao crescimento – sucedem-se a outras que apontam para o desinvestimento em Portugal.

Segundo a Reuters, a Altice Europe – a proprietária da Altice Portugal – está a sondar potenciais interessados no negócio português, incluindo a espanhola Más Móvil, que é dona da Nowo e que está a participar no leilão de atribuição de frequências para o 5G.

A Más Móvil é controlada pelos fundos Cinven, Providence e KKR, tendo este último sido comprador de uma das carteiras de crédito mal-parado do Novo Banco.

As fontes ouvidas pela Reuters asseguram que o processo de venda pode ser lançado oficialmente no próximo mês e que também já está no radar de empresas como a Telefónica ou a Orange (que em França disputa o mercado com a SFR, também da Altice).

Em 2015, a Altice pagou 5,5 mil milhões de euros pela PT Portugal (a antiga Portugal Telecom), mas, desde então, desfez-se de parte importante dos activos da empresa, como a maioria do capital da unidade de torres de comunicações e 49% da rede de fibra.

Agora, aquilo que empresa tem apontado não serem mais que rumores de mercado dão como certo que um processo de venda nunca seria pensado abaixo dos 6,6 mil milhões de euros.

A este nível, a transacção equivaleria a um múltiplo de oito vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da Meo em 2020, que foi de 834 milhões.

Este preço pode tornar a tarefa difícil de concretizar se se considerar que “Patrick Drahi já espremeu todo o sumo” da empresa portuguesa, como comentou uma fonte ouvida pela Reuters.

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