Candidatos querem gastar três vezes menos do que nas presidenciais de 2016

A recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo, irá gastar menos 149 mil euros do que em 2016. João Ferreira, Marisa Matias e André Ventura são os candidatos que estimam gastar mais na campanha eleitoral.

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Marcelo Rebelo de Sousa é o segundo candidato que planeia gastar menos Paulo Pimenta

Tentar chegar ao Palácio de Belém no próximo dia 24 de Janeiro custará aos sete candidatos presidenciais mais de um milhão de euros. No total, as sete candidaturas estimam gastar 1.005.067 euros durante a sua campanha presidencial, um valor que fica muito aquém dos 3,2 milhões de euros gastos pelos dez candidatos (dos quais três são agora reincidentes) que se apresentaram a votos em 2016. Naquelas que serão as primeiras eleições nacionais durante uma pandemia – e que poderão ser as primeiras presidenciais em estado de emergência – o vírus SARS-CoV-2 influenciou as despesas que as candidaturas entregaram à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos. A campanha arranca a 10 de Janeiro.

Ainda que os candidatos tenham decidido manter os seus périplos pelo país e não abdiquem da sua presença pelas ruas, os modelos de campanha foram adaptados às circunstâncias pandémicas, o que encolheu a fatia da despesa dos candidatos. Entre algumas das mudanças que estão a ser preparadas pelas candidaturas, sabe o PÚBLICO, está a exclusão dos jantares de campanha dos tradicionais comícios devido às regras de segurança exigidas pela Direcção-Geral de Saúde. As candidaturas de João Ferreira, Marisa Matias e André Ventura, por esta ordem e com grande diferença entre si, são as três que mais despesas contam fazer, ficando (muito) acima dos orçamentos dos restantes candidatos.

A candidatura mais dispendiosa deverá ser a do eurodeputado comunista, João Ferreira. O candidato apoiado pelo PCP prevê gastar 450 mil euros, o que ainda assim representa uma redução face ao candidato apoiado pelo PCP nas últimas presidenciais - em 2016, Edgar Silva (que teve 3,95% dos votos) gastou 581 mil euros. Destes 450 mil euros, 50 mil euros foram uma contribuição do PCP, cinco mil chegaram de donativos e 385 mil euros deverão chegar da subvenção estatal (que só será atribuída aos candidatos que conseguirem 5% dos votos).

Depois de João Ferreira, segue-se a candidata Marisa Matias. A candidata apoiada pelo BE apresentou um orçamento de 256,6 mil euros, menos de metade dos 601 mil euros gastos em de 2016. Destes 256,6 mil euros, a candidatura de Marisa Matias conta receber 251 mil euros.

O terceiro maior orçamento é o de André Ventura, deputado e líder do Chega, que declarou ser o deputado com mais donativos recebidos. Ventura prevê gastar 160 mil euros dos quais 100 mil euros chegaram de donativos à sua campanha e 25 mil euros foram dados pelo partido que lidera.

A quarta candidatura em termos de orçamento é a de Ana Gomes, que apresenta uma factura francamente inferior às anteriores. A ex-eurodeputada do PS conta gastar 53,5 mil euros, sendo que 30 mil euros correspondem a donativos de apoiantes.

Os três candidatos que prevêem gastar menos são Vitorino Silva, Marcelo Rebelo de Sousa e Tiago Mayan Gonçalves. O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal pretende gastar 38,5 mil euros, dos quais 25 mil euros chegam do partido liderado por João Cotrim de Figueiredo, e 13,5 mil euros são donativos.

Marcelo gasta menos 149 mil euros que em 2016

Já o actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou um orçamento de 30,5 mil euros, o que representa menos 149 mil euros do que o que gastou nas presidenciais que o elegeram. Em 2016, Marcelo gastou 179,5 mil euros na campanha.

Já o candidato mais poupado será Vitorino Silva, que em 2016 foi o 6.º candidato mais votado. O orçamento do “Tino de Rans” ronda os 16 mil euros (dos quais 12 mil euros são donativos), o que corresponde a cerca do dobro dos 8,2 mil euros gastos em 2016.

De acordo com as contas facultadas pela Comissão Nacional de Eleições, as subvenções estatais públicas disponíveis para pagar as campanhas rondam os 3,5 milhões de euros, o que corresponde 80% de 10 mil vezes o valor Indexante de Apoios Sociais (438,81 euros em 2020).

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