Marisa Matias, candidata para “dar voz à gente sem medo”

Rodeada de profissionais que trabalharam sempre no terreno durante o confinamento, a candidata bloquista apresentou-se como “republicana, laica e socialista” e vincou as diferenças em relação a Marcelo Rebelo de Sousa.

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Diogo Ventura
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Chegou de cravo na mão, parou em frente do Quartel do Carmo, local simbólico do 25 de Abril, sem líderes partidários por perto, e anunciou: “Eu sou a candidata contra o medo”. Foi assim que Marisa Matias, eurodeputada bloquista, “socialista, laica e republicana" (como dizia Mário Soares), se apresentou às eleições para a Presidência da República nas eleições de Janeiro próximo.

À sua frente, tinha uma vintena de profissionais diversos que estiveram na primeira linha de combate à pandemia e nunca deixaram de sair de casa para trabalhar enquanto o país (e o mundo) se confinava. “É a segunda vez que me candidato a Presidente da República e farei toda a campanha assim, a ouvir, a dar voz à gente sem medo, a apoiar a coragem de quem cuida dos outros. Portugal precisa de saber quem são e de ouvir quem faz a vitória sobre o medo”.

Apresentou um a um, “gente que olhou o medo nos olhos e foi à luta”: Sérgio Sousa, trabalhador dos transportes, Paulo Rodrigues, da recolha do lixo, a cientista Inês Milagre, a professora Cecília Costa e tantos outros como Sofia FigueiredoJoão AlmeidaRoberto TavaresLuís SilvaAfrozur RahmanCatarina CôdeaAndreia GalvãoRosália FerreiraBeatriz FareloAfonso MoreiraMarta Mesquita e Mário Macedo.

“No tempo do medo, há pessoas que cuidam de todos. Como vocês, como tantos outros. Na história desta gente não se esgota a história da pandemia. Mas estas pessoas são do melhor que o nosso país tem. Obrigada por estarem aqui hoje”, agradeceu a bloquista.

O mote estava dado e não quis afastar-se muito dele. “Venho a esta campanha para mostrar que não pode haver medo. O medo é o que nos destrói, é o que torna um país pequeno e submisso, é o que provoca divisões, racismo, ódio, perseguições. O medo divide, a República une”, disse, explicando que é por isso que é republicana. “Luto ao lado de quem se revolta contra a injustiça, de quem, como vocês, não se permite desistir do país, de quem luta pelos valores de uma esquerda que não se verga às ordens do mercado, de Berlim ou de Washington, de Pequim ou de Bruxelas”, acrescentou.

Foi aqui que nomeou um único adversário: “Sou candidata frente a frente com Marcelo Rebelo de Sousa”. Não para o criticar, mas para marcar diferenças. “Marcelo quer um regime político assente em mais do mesmo, eu quero um regime que responda à pandemia social e acabe com os privilégios; ele aceitou um regime financeiro que se foi esvaindo em privatizações e negócios, eu quero uma banca pública de confiança; ele quer um sistema de saúde concedido em parte a hospitais privados, eu quero um Serviço Nacional de Saúde de qualidade para todos”.

Marisa Matias disse que vai à luta pelas suas ideias, “ao lado de quem não desiste” do país. “Portugal precisa de uma política socialista, porque é o pleno emprego, o fim da precariedade e o respeito pelo salário e pela pensão, é essa política que nos deve guiar nos meses mais difíceis do nosso século, o tempo de uma crise que ainda se vai agravar e que, no dia das eleições, ainda estará a fazer vítimas”, explicou.

E “precisa de laicidade do Estado e do ensino”, acrescentou, “da escola que trata toda a gente com o mesmo respeito e que defende as crianças e o seu direito a aprender e a crescer nas melhores condições”.

Não sou candidata por jogos partidários, por ajuste de contas, por necessidade de palco. Gosto do que faço: cumpro o mandato para que fui eleita, vivo feliz a dar o meu contributo e, se venho a esta campanha, é pelo entusiasmo e confiança na vossa palavra, na vossa experiência, na vossa vida, na força que podemos dar a Portugal”, concluiu.

No Largo do Carmo, nenhum líder do Bloco de Esquerda marcou presença. Mas dezenas de pessoas, sobretudo jovens, aplaudiam-na a cada passo. Quando acabou de falar, cumprimentou um a um os profissionais convidados, rodeou a praça, cumprimentou algumas pessoas e saiu de cena. Em menos de meia hora.

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