EUA podem vir a testar edifícios à covid-19 quando as escolas reabrirem

Investigadores admitem que não é possível testar todas as pessoas diariamente, mas, ao testar condutas de ar, partículas e superfícies, podem identificar locais onde existiram exposições e perceber se o edifício é uma ameaça à saúde pública.

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Reuters/MARKO DJURICA

Ouvimos dizer, desde o início da pandemia, que testar o maior número possível de pessoas é o caminho para controlar as novas infecções e, consequentemente, reduzir a probabilidade de serem criadas novas cadeias de transmissão ou novos surtos. Mas e se a estratégia para controlar a disseminação do vírus passar não só por testar as pessoas, mas também os edifícios?

Segundo a ABC News, uma equipa da Universidade de Oregon acredita que sim e quer pôr a sua estratégia à prova. Os investigadores do Instituto de Saúde e Ambiente afirmam que ao testar as condutas de ar, as partículas e as superfícies podem identificar locais onde existiram exposições e perceber se o edifício é uma ameaça à saúde pública.

Apesar de o Presidente norte-americano ter dito esta quinta-feira que os estados que têm surtos activos de infecção vão ter de, “provavelmente”, adiar o regresso dos alunos às salas de aulas, no resto do país há estudantes, professores e outros funcionários das escolas a prepararem-se para voltar à rotina escolar no Outono. É para estes grupos que a tecnologia desenvolvida pela Universidade de Oregon pode representar um novo aliado no combate ao novo coronavírus.

“Não podemos testar todas a gente todos os dias, mas podemos testar todos os edifícios todos os dias. Além disso, os resultados chegam dentro de 24 horas e podem ajudar a orientar as actividade do dia seguinte ou as operações de controlo ou rastreamento de contactos”, disse Kevin Van Den Wymelenberg, director do instituto à ABC News.

Os investigadores dizem ainda ao canal norte-americano que se o vírus for detectado num prédio existem vários factores "atenuantes” que podem ser usados para limitar a sua propagação, como o aumento da filtração do ar, a desinfecção das superfícies ou a realização de mais testes a quem frequenta aquele ambiente.

“Acredito que os prédios são o motor da nossa economia e que testá-los é a chave para ligar o motor novamente”, refere Van Den Wymelenberg. “Podemos tirar estes conhecimento dos testes em prédios e ajudar a orientar estratégias de mitigação. Se for necessário, podemos colocar o prédio em quarentena durante um curto período de tempo para fazer uma limpeza profunda e, depois, reabri-lo”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) admitiu, no início de Julho, haver novas provas que indicam que o novo coronavírus se possa transmitir pelo ar. Depois de um grupo de 239 cientistas ter alertado para essa possibilidade numa carta aberta, Benedetta Allegranzi, especialista da OMS em prevenção e controlo de infecções, disse que há novas provas sobre a matéria e que é preciso estar atento para perceber as implicações e precauções a serem tomadas.

A especialista salientou que é preciso entender o comportamento do vírus nessa forma de transmissão e sugeriu que se evitem espaços fechados com aglomeração de pessoas, recomendando “ventilação adequada” e o uso de máscara caso não seja possível essa ventilação.

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