Avó e tios de bebé abandonado no lixo estão a tentar obter a guarda

Segundo o embaixador de Cabo Verde em Portugal, a família não sabia que Sara vivia na rua. Quer ficar com o bebé para que, no futuro, a criança saiba que a família biológica o acolheu “com todo o amor e carinho e sentir-se-á menos rejeitado, mais confortado”.

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O local onde vivia Sara, a mãe do bebé abandonado no lixo Rui Gaudencio

O embaixador de Cabo Verde em Portugal explicou nesta sexta-feira que a mãe e os irmãos da cabo-verdiana suspeita de abandonar o filho num ecoponto estão a tentar obter a guarda da criança por acreditarem que é a melhor solução.

Num esclarecimento solicitado pela agência Lusa, Eurico Correia Monteiro referiu que, desde que a Embaixada de Cabo Verde soube do caso, “mostrou o seu interesse em apoiar tanto a Sara como o seu filho, na presunção de que normalmente só em circunstâncias excepcionais de profundo desespero ou desequilíbrio emocional acentuado uma mãe abandonaria o seu filho num ecoponto”.

No âmbito destes contactos, a Embaixada de Cabo Verde estabeleceu contacto com o estabelecimento prisional e com a advogada da jovem, com a mãe e os irmãos e dispôs-se “a fornecer apoio concreto de sorte a assegurar a defesa da Sara, conforme mandam as regras, deixando a justiça correr os seus trâmites, na convicção de que no final será feita justiça”.

Segundo o diplomata, “a família da Sara reiterou que nunca teve quaisquer indícios que pudessem levar a entender que a Sara vivia em condições tão precárias”.

“A mãe e os irmãos declararam o seu firme propósito de fazer todas as diligências necessárias e, para tanto, contrataram com um escritório de advogados para obter a guarda do neto e sobrinho, pois têm a profunda convicção de que essa solução é a que corresponde melhor ao interesse da criança”, segundo Eurico Correia Monteiro.

Os familiares da cabo-verdiana, prossegue o embaixador, “entendem ainda que, no futuro, se o filho da Sara vier a tomar conhecimento dos factos, ao menos saberá que a família natural, biológica, o acolheu com todo o amor e carinho, e sentir-se-á menos rejeitado, mais confortado”.

“Esta pretensão da família, independentemente do seu mérito, também merece assistência consular por parte desta embaixada, nomeadamente em matéria de patrocínio”, acrescentou.

O embaixador referiu, apesar de confiarem na justiça e nas instituições portuguesas, “a mãe e irmãos da Sara manifestaram alguma preocupação pela circunstância de até ao presente momento não terem sido chamados, de forma directa ou indirecta, para participar num processo que tem como finalidade dar um destino ao seu neto e sobrinho”.

“Acreditam que as instituições portuguesas não tomarão qualquer decisão relevante nesta matéria à revelia da avó e dos tios do filho da Sara”, adiantou.

O filho de Sara, recém-nascido, foi encontrado num caixote do lixo no dia 5 de Novembro, sendo a mãe suspeita de o ter abandonado no ecoponto.

A criança esteve até quinta-feira hospitalizado na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, mas já está com uma família de acolhimento, conforme decisão do Tribunal de Família e Menores de Lisboa.

A mãe da criança foi detida pela Polícia Judiciária (PJ) e está em prisão preventiva, indiciada da prática de homicídio qualificado na forma tentada (tentativa de homicídio qualificado).

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