Montenegro reforça em Bruxelas críticas ao Governo e a Rui Rio

Candidato à liderança do PSD manifesta surpresa com declarações de Rui Rio no congresso do Partido Popular Europeu em Zagreb.

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Luís Montenegro esteve em Bruxelas Rui Gaudencio

Sem distinguir entre militantes residentes dentro ou fora de Portugal, e sem “inventar ou procurar uma divergência” com os seus adversários na corrida à liderança do PSD relativamente à política europeia, Luís Montenegro esteve esta quarta-feira em Bruxelas a fazer campanha e a apelar ao voto na sua candidatura nas eleições internas marcadas para o próximo dia 11 de Janeiro.

“Não vou às secções por estas terem muitos militantes ou muitos votos ou poucos. Vim a Bruxelas, como amanhã vou a Beja; um voto aqui vale o mesmo que um voto em Portugal”, observou Luís Montenegro, que foi o primeiro concorrente a responder ao convite da secção de Bruxelas para um encontro com os militantes. “É bom que no início das campanhas não haja juízos de valor pré-formatados”, referiu.

A secção do PSD de Bruxelas, aberta desde 1977, decidiu não apoiar oficialmente nenhum dos três candidatos à presidência do partido por “não haver unanimidade”, como explicou o seu presidente, Vítor Alves Gomes. “Há apoiantes dos três, e o compromisso de trabalhar com empenho e lealdade com o vencedor”, justificou.

Apesar de se encontrar na capital da Bélgica e da União Europeia, Luís Montenegro não se desviou da sua linha nem adaptou o seu discurso à plateia de emigrantes, por considerar que um português é um português” e apesar de se poderem confrontar com alguns problemas diferentes nos países onde habitam, as comunidades no exterior “sentem grande afinidade com os problemas, as angústias e as preocupações que se manifestam em Portugal com a vida do país”.

Mesmo assim, não deixou de criticar a “política de desinvestimento público” que leva a que “no sistema consular haja grande incapacidade de resposta às necessidades dos emigrantes”, nem de exprimir o seu desejo de que “o maior número possível de portugueses que tiveram de ir para fora em busca de oportunidades possa regressar ao país”.

Mas recordando a razão da visita a Bruxelas, tentou explicar qual o seu projecto para o PSD — “preparar terreno para conquistar a confiança da sociedade portuguesa e vencer as próximas legislativas com maioria absoluta” — e também mostrar as suas diferenças para os outros dois candidatos, e em particular Rui Rio, o actual presidente do partido. “O meu posicionamento não é associar o PSD ao PS, é afirmar o PSD como a alternativa ao bloco formado pelo PS, Bloco e comunistas”, disse.

A poucas dezenas de metros do Parlamento Europeu, Luís Montenegro criticou as declarações de Rui Rio esta quarta-feira em Zagreb, onde está a participar no congresso do Partido Popular Europeu (a família política europeia que o PSD integra). “Fiquei muito surpreendido por ouvi-lo dizer que a representação parlamentar do PSD e PS cresceu nas últimas eleições”, disse, atacando novamente o actual presidente do partido pela sua colagem ao PS também em matérias europeias.

Em resposta ao PÚBLICO, Montenegro reconheceu que “a Europa não é o terreno dentro do PSD onde há maior diferença de opinião” entre os vários candidatos à liderança. “No fundamental o nosso pensamento e próximo, não é aí que nos distinguimos”, disse. A divergência, insistiu, é com o PS e o Governo “que diz que fala muito alto e muito grosso em Bruxelas mas obtém muito poucos resultados do ponto de vista europeu”. “A voz do Governo de Portugal aqui é quase inaudível”, constatou.

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