Muita técnica, ainda mais treino: o golo sensação de Messi frente ao Liverpool

A forma que o internacional argentino usa para bater bolas paradas foi aprimorada com o passar das épocas. “Gosto de mudar para que o guarda-redes não perceba onde vou [colocar o remate] e para o manter confuso até ao momento em que toco na bola”, explicaria Lionel Messi que, na noite desta quarta-feira, fez o 600.º golo da conta pessoal.

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Reuters/JOHN SIBLEY

O mais recente golo de bola parada de Lionel Messi é daqueles momentos que já vimos vezes sem conta, mas que nunca cansamos de repetir: a forma cirúrgica como o argentino Lionel Messi parte para a bola e, como que por magia, faz o esférico contornar a barreira e ficar fora do alcance do guarda-redes. Em Camp Nou, frente ao Liverpool, na primeira mão das “meias” da Liga dos Campeões, o argentino voltou a surpreender o mundo do futebol com a sua técnica. Uma perícia que levou muitos anos a aprimorar e que o PÚBLICO examina à lupa.

Engana-se quem pensa que Messi sempre foi um atirador exímio em situações de bola parada. Nos primeiros cinco anos ao serviço dos catalães (entre 2004 e 2009), o avançado apenas marcou por uma vez de livre directo. O primeiro golo de bola parada foi em 2008-09 e, desde essa temporada, o jogador do Barcelona não voltou a ficar novamente em branco neste registo. Em entrevista à ESPN, Lionel Messi admitiu a importância que passou a dar aos livres directos nas sessões de treino.

“Sim, a verdade é que treinamos [os livres directos]. Praticamos de que forma nos precisamos de mover para que a bola vá para o lugar certo. Também aprendes coisas ao longo da tua carreira”, afirmaria Messi em 2016.

Uma análise à carreira de Messi não deixa dúvidas: a forma como o internacional argentino bate um livre directo alterou-se profundamente com o passar dos anos. Uma das principais mudanças prende-se com o apoio das pernas (que fazem um ângulo de 50 graus quando Messi bate na bola).

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Fotografias de Messi após executar lances de bola parada 433

Nas primeiras épocas na formação principal do emblema catalão, o avançado mantinha o apoio e equilíbrio com a parte de fora do pé direito, algo que perturbava a estabilidade e controlo do remate. Agora o pé direito fica praticamente plantado na totalidade, com Messi a arquear os ombros e peito para colocar mais efeito na bola.

A direcção do remate também é uma das incógnitas que os guarda-redes enfrentam: por baixo da barreira e para o lado do guarda-redes são duas das opções menos escolhidas pelos jogadores, mas que o argentino já explorou para surpreender a defesa adversária. “Para ser sincero, gosto de bater a bola por cima da barreira, mas, de vez em quando, gosto de mudar para que o guarda-redes não perceba onde vou [colocar o remate] e para o manter confuso até ao momento em que toco na bola”, afirmaria Messi, em 2016, em entrevista à ESPN.

O golo da noite de quarta-feira foi o oitavo da época de bola parada, melhor registo de sempre na carreira do argentino — que ainda tem alguns jogos para expandir o recorde. Com a questão do campeonato resolvida, a formação de Ernesto Valverde reúne forças para a Liga dos Campeões e a Taça do Rei, na procura de um triplete que escapa aos “blaugrana” desde 2015. 

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