Bolsonaro será galardoado como “pessoa do ano” no Museu Americano de História Natural

A gala será patrocinada pela Câmara Brasileira de Comércio nos Estados Unidos. O museu já veio esclarecer que não tem qualquer responsabilidade na organização do evento, garantindo que o espaço foi alugado pela Câmara do Comércio antes de ser revelado quem seria a figura de destaque.

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Reuters/Adriano Machado

Jair Bolsonaro será o convidado de honra de uma cerimónia que terá lugar no dia 14 de Maio, no Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque. A gala, patrocinada pela Câmara Brasileira de Comércio nos Estados Unidos, irá galardoar o Presidente do Brasil como “pessoa do ano”.

A Câmara do Comércio fez questão de alugar um espaço do museu dedicado à celebração da vida marinha — o Milstein Hall of Ocean Life. Neste espaço, encontra-se uma baleia azul que é o símbolo do poder e das maravilhas da natureza. De acordo com o site Gothamist, que escreve sobre notícias locais nova-iorquinas, os bilhetes mais caros — que podem chegar aos 30 mil dólares — já se encontram esgotados.

Várias vozes mostraram descontentamento pelo facto de um homem que advoga políticas que vão contra a protecção ambiental — tal como a intenção de explorar a floresta amazónica — ser homenageado num museu dedicado à história natural.

O próprio Museu Americano de História Natural procurou esclarecer que não tem qualquer responsabilidade na organização do evento, garantindo que o espaço foi alugado pela Câmara do Comércio antes de ser revelada a figura de destaque. “Estamos extremamente preocupados e vamos explorar as nossas opções”, pode ler-se no tweet publicado na quinta-feira. Vários internautas expressaram o desejo de ver a cerimónia cancelada.

Bill de Blasio, mayor de Nova Iorque, juntou-se ao coro de descontentamento, dizendo que Bolsonaro “é um ser humano muito perigoso”. Numa entrevista à estação de rádio WNYC, o governante afirmou que o presidente brasileiro “não é apenas perigoso por demonstrar abertamente os seus ideais racistas e homofóbicos, mas também porque é, infelizmente, a pessoa que mais pode impactar os destinos da floresta amazónica”. Bill de Blasio pediu ao museu nova-iorquino para cancelar a cerimónia.

Questionada pelo site artnet NEWS, a Câmara do Comércio preferiu não tecer comentários à contestação dirigida à iniciativa.

Esta cerimónia decorre anualmente e esta será a segunda vez que terá como palco o Museu Americano de História Natural. Em 2018, Michael Bloomberg, o ex-mayor de Nova Iorque foi homenageado juntamente com Sérgio Fernando Moro, juiz federal brasileiro conhecido por combater a corrupção. Ao longo dos anos, foram homenageadas personalidades de renome, como Bill Clinton (2015), Henry Kissinger (1997) e Nelson A. Rockefeller (1971). Para além de Bolsonaro, ainda falta ser nomeado uma personalidade de destaque norte-americana.

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