Woody Allen processa Amazon e exige 68 milhões de dólares

O realizador alega que a multinacional quebrou ilegalmente, com base “numa alegação infundada”, o contrato para a produção de quatro filmes.

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Allen tem A Rainy Day in New York preparado para estrear há seis meses, mas a Amazon recusa-se a fazê-lo LUSA/JULIEN WARNAND

“Como em todas as relações que estão no início, há muita esperança, afecto mútuo e boa vontade genuína – os processos judiciais vêm depois”, comentava Woody Allen em 2016, quando foi anunciado o contrato com a Amazon para a produção de Café Society. E vieram mesmo: esta quinta-feira, o realizador fez entrar num tribunal de Nova Iorque um processo judicial em que reclama 68 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de euros) à Amazon Studios, por quebra do contrato tendo em vista a produção de quatro filmes, quebra para a qual, defende, a empresa não tem base legal. Em causa, para a Amazon, estão as acusações de abuso sexual lançadas sobre Allen há 25 anos pela sua filha adoptiva com Mia Farrow, Dylan Farrow.

No processo, citado pela Variety, o realizador de 83 anos argumenta que a Amazon “tentou justificar a sua decisão com uma alegação infundada com 25 anos”, alegação que, sublinha, “já era do conhecimento da Amazon (e do público) antes de a Amazon iniciar quatro contratos separados com o sr. Allen” e que, “de qualquer modo, não serve de base legal para a Amazon terminar o contrato”.

O processo surge após a empresa recusar exibir A Rainy Day in New York, que Allen finalizou e tem pronto para estrear há seis meses. De acordo com o processo, em Janeiro do ano passado, a Amazon propôs adiar a estreia do filme para 2019, o que o realizador aceitou. Contudo, em Junho, Allen recebeu uma notificação de cancelamento do contrato celebrado para a produção de quatro filmes. A Amazon justificou a decisão com “o retomar das alegações contra o sr. Allen, as suas declarações controversas, e a recusa de um crescente número de talentos de topo em trabalhar ou estar associados com ele seja de que forma for”.

Em 1992, Dylan Farrow, então com sete anos, acusou Woody Allen de a ter molestado sexualmente na casa da mãe. As acusações surgiram no meio do escândalo que se seguiu à revelação do relacionamento entre Allen e Soon-Yi Previn, filha adoptiva de Mia Farrow e do compositor francês André Previn. Woody Allen negou repetidamente as acusações, acusando Mia Farrow de manipulação, como vingança pelo seu romance com Soon-Yi, com quem Allen se casou em 1997.

O caso foi investigado à época, mas as autoridades afirmaram então não terem encontrado provas credíveis para o levar a julgamento. Dylan Farrow, hoje com 33 anos, voltou a denunciar o pai em anos recentes, à luz do movimento #MeToo, mas a família divide-se. Ronan Farrow, irmão de Dylan e um dos jornalistas que primeiro denunciaram Harvey Weinstein, está do lado de Dylan e Mia Farrow. Outro irmão, Moses Farrow, defende Allen e considera injustas as acusações que sobre ele pendem.

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